Saiba da importância do carboidrado na alimentação

A busca pelo corpo perfeito, bem como pelo alimento que sacia e não engorda, é um dos grandes desejos da sociedade atual. Não por acaso, os hábitos de consumo alimentar estão cada vez mais na mira dos pesquisadores. Tanto que, a cada dia, o mundo é surpreendido com a revelação de novas descobertas.



Uma das mais recentes causou até descrença: pesquisadores japoneses disseram que pessoas obesas podem viver mais que pessoas magras demais, após os 40 anos. Outra pesquisa, esta realizada por israelenses, tem promovido também certo rebuliço por propor o emagrecimento a partir do consumo de carboidratos à noite, algo até então sempre criticado.



Outro trabalho, sob o título “O perfil de macronutrientes influencia a termogênese induzida pela dieta e a ingestão calórica”, de autoria das pesquisadoras Helen Hermana Miranda Hermsdorff, Ana Carolina Pinheiro Volp e Josefina Bressan, das universidades de Navarra, na Espanha, e Federal de Viçosa, em Minas Gerais, observa ser impossível se falar de alimentação sem levar em conta a genética de cada pessoa.



No trabalho, elas apontam que a ingestão alimentar é apenas um dos componentes do balanço energético, mas, para tal, lembram que é preciso dar destaque aos processos intimamente ligados ao ato de se alimentar como a fome, saciação, saciedade e apetite. “A fome é a força que leva ao ato de se alimentar, podendo se referir à sensação ou ao desejo conscientes de obter e comer alimentos”, diz.



Além disso, a pesquisa demonstra que a composição da dieta é modulada pela resposta metabólica oxidativa e termogênica, quando em jejum, e duas horas após as refeições. Embora ressaltem que, nos obesos, essa resposta pode ser reduzida.



Diversos outros estudos apontam para a existência do fenômeno, que leva a maior oxidação após dieta rica em gordura (lipídio) do que em obesos.

Por outro lado, a nutricionista Fabiane Lourensato Garcia, da Magrass Rio Preto, explica que, além disso tudo, existem características femininas que devem ser levadas em conta na hora de bolar um plano de dieta e exercícios físicos a fim de eliminar gordura.



Muitas delas apresentam quadros de prisão de ventre, por isso, devem ser incluídas fibras à vontade na alimentação diária. “Uma dica é incluir a linhaça no café da manhã, que pode ser consumida na proporção de uma colher de sopa com uma fruta”, ensina Fabiane.



Já no período menstrual, é indicado manter uma proporção de até 60% de carboidratos no cardápio diário. Por outro lado, não se pode liberar tudo: é preciso incluir carboidratos complexos integrais, que são encontrados nas frutas, legumes e cereais integrais. “Esse tipo de carboidrato é metabolizado mais lentamente, o que ajuda a manter a produção contínua de serotonina, hormônio associado à sensação de bem-estar”, diz.



Por este motivo, a fisioterapeuta dermatofuncional Ana Rúbia Paiola, de Rio Preto, reforça a importância de se associar à alimentação caminhadas e exercícios aeróbicos. É interessante também que a mulher inclua a musculação no “cardápio”. “Músculos são grandes consumidores de energia, portanto, quanto mais massa muscular, maior será o gasto calórico e o metabolismo diário, não só durante a atividade física, mas também horas depois”, afirma.



Muito embora profissionais da saúde, como o endocrinologista Amélio Godoy Matos, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolia (Sbem), vejam como uma quebra de paradigma o estudo israelense que leva em consideração o consumo de carboidratos à noite, há aqueles que continuam céticos em afirmar que o que leva ao ganho de peso na ingestão de carboidratos não é a substância em si, tampouco o horário em que o mesmo é consumido.



Até porque, de acordo com um programa da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, intitulado “Meu prato saudável”, para ser saudável é preciso que cada prato contenha porções que contemplem carboidratos, proteínas, lipídeos, fibras, vitaminas e minerais. E a outra metade do prato deve ser preenchida com verduras e legumes (crus e cozidos), variando bastante a qualidade dos legumes e das verduras, ingerindo alimentos de cores diferentes.







Variedade, moderação e qualidade



Segundo a nutricionista Lorença Dalcanale, do Centro de Cirurgia Obesidade e Metabólica, e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o conceito de alimentação equilibrada deve seguir três fatores indispensáveis: variedade, moderação e qualidade. “Não existe um alimento que contenha todos os nutrientes necessários para uma boa saúde”, diz.



Além disso, todos os alimentos podem ser consumidos, desde que com moderação e equilibrando a ingestão entre os grupos de alimentos: carboidratos, proteínas e gorduras. Por fim, é preciso comer alimentos que contenham vitaminas, minerais e fibras, como frutas e verduras, e diminuir o consumo dos que possuem calorias “vazias”, como doces, alimentos refinados e refrigerantes.



Para quem deseja emagrecer, a nutricionista alerta que não é aconselhável ficar sem jantar, pois longos períodos de jejum desaceleram o metabolismo e priorizam perda de músculo, além de ser um gatilho para compulsões e aumento da voracidade e descontrole. Ou seja, somadas as informações obtidas pelos pesquisadores israelenses, ao concentrar o consumo de carboidratos no período noturno, ocorre uma mudança no padrão de secreção hormonal que faz com que a leptina, substância que diminui o apetite, ter seu pico durante o dia, enquanto a grelina, hormônio da fome, tenha seu pico à noite.



De modo que, além de promover a saciedade de forma mais rápida, ajuda a queimar o carboidrato ingerido de maneira mais rápida. Sendo assim, o macarrão entre outros carboidratos, fica com “aval” para ser consumido à noite. Sem deixar de lado a alimentação consciente, a nutricionista Lorença reforça que a melhor maneira de equilibrar a montagem de uma refeição é, em vez de retirar e substituir, dividi-la em três partes iguais: uma deve conter saladas verdes e legumes, outra parte deve conter os carboidratos e a terceira porção de proteína.



Ela lembra, porém, que os alimentos diet e light ajudam a equilibrar a dieta, especialmente para os que querem perder peso, pois os produtos light apresentam uma redução de açúcares e gorduras. “O ideal é que se tenha bom senso no consumo de adoçantes, pois tudo que é exagerado pode trazer algum malefício ao organismo.”



(Cecília Dionizio – Diário da Região)