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Vereador da região ameaça "rachar" a cabeça de jornalista

Vereador da região ameaça "rachar" a cabeça de jornalista

Publicado em: 08 de fevereiro de 2013 às 13:10

Se sentindo “perseguido” pelo jornalismo do Diário da Região, o vereador Cesar Gelsi (PSDB) fez ameaças de morte ao jornalista Rodrigo Lima, repórter de política do jornal. “Eu quero ainda que esse cara entre na minha sala. Vou te mostrar um porrete que tenho ali. Juro por Deus. Se eu der no meio da tua cabeça o cérebro vai abrir. Quero dar no meio da cabeça dele. Quero (bater) no dia em que eu tiver louco”, afirmou Gelsi, durante a sessão da última terça-feira, no meio de uma entrevista gravada que concedia a um dos profissionais do Diário. Não contente, Gelsi continuou. Em meio a xingamentos e palavras de baixo calão, o vereador disse que voltou à Câmara “para destruir esse cara.” “Só morro sossegado o dia em que esse cara tiver azarado”, declarou o tucano, que falou ainda em até “ser preso” depois de “pegar ele fora daqui (Câmara).” “Se eu pegar aqui dentro eu estou morto.” Não é a primeira vez que Gelsi faz ameaças de morte e agressão ao jornalista. Diante da gravidade das declarações do vereador, e para resguardar sua segurança, o profissional registrou ontem no 1º Distrito Policial um boletim de ocorrência para preservação de integridade física. Uma cópia do áudio da entrevista de Gelsi foi apreendida pelo delegado Fernando Campanelli Frey. A Polícia Civil registrou o boletim de ocorrência 292/2013 para averiguar possível crime de ameaça e injúria, previstos, respectivamente, nos artigos 147 e 140 do Código Penal. O crime de ameaça prevê até seis meses de detenção para quem “ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave.” Injuriar alguém também é punido com seis meses de detenção. ‘Zumbi’ e dívida O motivo da ira de Cesar Gelsi são pelo menos duas reportagens que trataram de sua vida pública. A primeira foi publicada no dia 4 de setembro de 2012. Intitulada “Eles querem voltar”, o texto, em tom de ironia, tratou ex-vereadores como “mortos vivos da política” que tentavam novamente se eleger. A matéria foi ilustrada em fotomontagem do editor de Arte do Diário, Cesar Belisário, sobre fotografias e ilustração do chargista Lézio Júnior. Além de Gelsi, outros ex-vereadores foram retratados na reportagem, como Gerson Furquim (que também foi eleito), Dourival Lemes, Adney Secches e Aparecido Capello. Nenhum dos outros 12 personagens reclamou ou questionou o conteúdo do material. A segunda reportagem que desagradou o tucano e o levou ameaçar o profissional do Diário da Região revelou as autoridades municipais que eram cobrados judicialmente pela Prefeitura de Rio Preto por impostos em atraso. Segundo o sistema do Tribunal de Justiça e a central de atendimento do Poupatempo, Gelsi, que é médico, era cobrado, à época, em cerca de R$ 4,6 mil por Imposto Sobre Serviço (ISS) atrasado. Assim como na reportagem dos “zumbis”, outras personalidades rio-pretenses se enquadravam entre os devedores, como o vereador Fábio Marcondes (PR) e o secretário do Trabalho, Daniel Caldeira. E, assim como os ex-vereadores, nenhum dos retratados na matéria questionou ou fez qualquer tipo de ameaça aos profissionais de comunicação do Diário. OAB: ameaça é crime A presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OSB), subseção Rio Preto, Suzana Quintana, afirma que a ameaça a qualquer pessoa, não só jornalista, é crime e como tal deve ser punido nos rigores da lei.“Ameaça é um crime previsto no Código Penal e isso, independente de ser jornalista ou não, tem de ser apurado”, afirmou Suzana, que defendeu a liberdade de informação e expressão. “Como profissional de imprensa tem direito de relatar aquilo que está acontecendo.” A presidente da OAB disse ainda que os dados de dívidas de impostos publicados pelo Diário e que revoltaram o vereador Cesar Gelsi (PSDB) “são abertos, é informação aberta, está no site do Tribunal de Justiça e qualquer um pode fazer consulta.” Jornalismo, profissão perigo A ameaça a jornalistas não é novidade no Brasil. Desde 2011, oito profissionais de jornalismo foram assassinados no País. No continente americano, foram pelo menos 22 assassinatos de profissionais de comunicação. Os números foram expostos em julho de 2012 durante 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa realizada em São Paulo. O presidente da SIP, Milton Coleman, disse durante o evento que jornalistas vivem “tempos muito inquietantes” e lembrou de recentes mortes, como a de Décio Sá, executado a tiros num bar em São Luís, capital do Maranhão. O jornalista era conhecido por blog que mantinha e incomodava a classe política maranhense. A situação no Brasil é pior à medida que comparada com outros países. Segundo dados divulgados pelo Comitê de Proteção aos Jornalistas em setembro do ano passado coloca o País como o terceiro mais perigoso para a profissão - atrás de nações como a Síria, onde 22 jornalistas morreram em 2012 na cobertura da guerra civil, e Somália, com seis mortes. Diretores da Regional do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo pedem providências às autoridades e acompanham de perto o caso. (Com Diário da Região)
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