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OSSADA DE VÍTIMA DA DITADURA É ENTERREDA EM VOTUPORANGA

Corpo de Dimas Antônio Casemiro foi identificado em cemitério de Perus

Publicado em: 31 de agosto de 2018 às 13:01

OSSADA DE VÍTIMA DA DITADURA É ENTERREDA EM VOTUPORANGA
A família de Dimas Antônio Casemiro, militante de Votuporanga (SP) que foi torturado e morto pela ditadura militar em 1971, se emocionou ao receber os restos mortais do familiar e poder realizar uma cerimônia para enterrar a ossada, nesta quinta-feira (30).Uma cerimônia ao som de Chico Buarque foi preparada em Votuporanga, cidade do interior do estado de São Paulo onde Dimas nasceu.Além de ser uma despedida importante para a família, o velório e enterro dos restos mortais do militante do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT) foi realizado justamente no Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados. A ossada de Dimas, morto na capital paulista aos 25 anos, foi encontrada em 1990 em uma vala clandestina no cemitério Dom Bosco, em São Paulo (SP). No entanto, apenas em fevereiro deste ano o material foi identificado por um laboratório da Bósnia.

Segundo a Comissão Nacional da Verdade, Dimas foi preso e morto depois de dois dias de tortura pelas forças de repressão.“Para a gente chegar a este resultado foi preciso ter equipe de gestão com instituições que nos dessem apoio e uma equipe pericial disciplinar porque o caso era muito complexo, então trabalhamos com médicos legistas, antropólogos, arqueólogos, geneticistas para que a gente conseguisse chegar à identificação de um desaparecido político”, explica o coordenador científico da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos, Samuel Ferreira.

No Brasil, são 243 desaparecidos políticos no período da ditadura militar, de acordo com um levantamento da comissão. O trabalho continua pra identificar a ossada de mais 40 desaparecidos que estariam na mesma vala onde Dimas foi enterrado. “Segue agora com a análise dos esqueletos. Estamos quase no término da análise dos esqueletos, a escolha do envio deles para exame de DNA e até ano que vem esta parte de exames dos desaparecidos políticos deve estar terminada. Depois, quem sabe, pode ser aberta uma nova fase para identificar outras pessoas eventualmente presentes nesta vala”, diz a procuradora federal e presidente da comissão, Eugênia Gonzalez.

Militante morto aos 25 anos

Dimas era militante do grupo VAR-Palmares e foi também dirigente do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT). Ele foi morto aos 25 anos de idade depois de dias preso e apresentando sinais de tortura. Dimas era casado com Maria Helena Zanini, com quem teve o filho Fabiano César.

Seu irmão, Dênis Casemiro, foi sequestrado e morto pela ditadura quando tinha 28 anos. Os irmãos Casemiro eram de Votuporanga, no interior de São Paulo. Segundo um documento da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos, do governo federal, antes da militância, Dimas foi corretor de seguros, vendedor de carros e tipógrafo.

Documentos dos órgãos de segurança acusam Dimas de ter participado de operações armadas, inclusive a que matou o industrial Henning Albert Boilesen, presidente da Ultragás, em 1971, em São Paulo.

Grupo de Trabalho de Perus

O Grupo de Trabalhos de Perus recebeu as amostras após as ossadas passarem por duas universidades.

O GTP começou os trabalhos após uma cooperação firmada entre as secretarias de Direitos Humanos dos governos federal e municipal, junto com a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, e a Unifesp. O grupo analisa 1.047 caixas com ossadas retiradas de Perus.Em setembro de 2017, as ossadas foram enviadas para o International Commission on Missing Persons (ICMP), laboratório bósnio escolhido porque tem experiência com a análise de mais de 20 mil casos de identificação humana no conflito da ex-Iugoslávia.Na ocasião, foram enviados fragmentos de ossos, dentes e amostras de sangue de familiares referentes a 100 indivíduos que mais se enquadram nas características dos 41 desaparecidos políticos.

Acredita-se que, além de mortos pela ditadura, entre as ossadas encontradas na vala de Perus também há pessoas mortas em chacinas e por grupos de extermínio, que depois esconderam os corpos.O grupo de trabalho é composto por peritos oficiais, professores universitários e por consultores nacionais e estrangeiros. Segundo o coordenador Samuel, "compondo uma equipe multidisciplinar nas áreas de medicina legal, antropologia forense, genética forense, odontologia legal, arqueologia, biologia e história".



(TVTEM/G1)

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