A psicóloga Tina Zampieri, PhDem Ciências da Saúde, especialista em EMDR, acaba de anunciar uma nova edição do livro “Se amo demais, não amo!”, de sua autoria. A obra aborda um tema sempre atual, sobre os males causados por quem tem a sensação de sentir um amor infindável, colocando os outros sempre antes de si mesmo. O lançamento vai ser esta semana em Rio Preto.
Segundo Tina, o indivíduoque ama demais éextremamente condescendente, tem dificuldade em frustrar o outro, não consegue sustentar um não, quando precisa dizê-lo. “Essas características são de um déficit na competência para ter uma autoestima equilibrada. Acaba tendo um comportamento de amar demais. Quando na verdade, a pessoa que ama sabe estabelecer limites claros”.
A confiança na capacidade do indivíduo que se tem amor, aceitando errar junto, de acordo com a psicóloga faz parte do que é de fato amar, mas quando ama demais acaba resvalando para situações que não são saudáveis. A própria história de vida e vivências com várias culturas motivaram Tina Zampieri a escrever sobre esse tema. Ela conta que teve aoportunidade de conhecervários estados a partir da profissão do seu pai, o qual sempre teve terras em locais muito distantes e issoa fezconviver com pessoas diferentes, de variadas condições socioeconômicas e emocionais. Como a menina curiosa que foi em toda infância, Tina Zampieri notava que as pessoas tinham culturas, hábitos e condições tão diferentes umas das outras. Sempre atenta no modo como se relacionavam nas dificuldades, nas dores, isso tudo a motivou a escrever o livro.“Chamava a minha atenção observar que pessoas tão simples que moravam no meio do nada eram tão amorosas com os filhos e tão claras em estabelecer limites. Enquanto outras pessoas de condições tão melhores, com mais estudo, tinham tamanha dificuldade. Isso desencadeou em mim uma vontade de escrever sobre o assuntoe fiz o meu mestrado sobre esse tema,” relata a psicóloga. Amar demais adoece, pois já é um reflexo do adoecer. Trata-se de uma doença que inicia muito cedo, em gerações anteriores, você herda não na carga genética, mas na expressão da carga genética. Conforme a psicóloga, uma geração com esse perfil geralmente está associada com doença crônica na família, com histórico de uso indevido de substâncias. Muita embora não precisa necessariamente estar associada com isso. “Esse padrão só não segue adiante, se alguém resolver tratar. Também ocorre com pessoas que muito cedo, muito crianças, tiveram que abrir mão de suas vontades, de suas brincadeiras, para ajudar os pais, tendo que colocar os outros na frente. Isso acaba progredindo para um comportamento adulto que tem características desse amar demais que está muito associado com estilo de apego inseguro, ansioso, desorganizado e que provém de famílias desestruturas”, explica Tina Zampieri. Na avaliação da psicóloga não existe receita para amar. Ela exemplifica que estar com um filho não pela quantidade, mas pela qualidade do tempo, estar presente, o jeito de gastar o tempo com a pessoa, é uma boa forma de amar. A pandemia trouxe muito isso para dentro dos lares. Amar é não se sentir melindrado diante da pessoa, você precisa minimamente se sentir amado para poder amar. Mas, ao não ser correspondido, as consequências de amar e ser amado, pode acarretar danos avassaladores.“Amar demais está subentendido que não se é correspondido. Não existe uma troca, a pessoa não consegue conceber a ideia de não ter a atenção que ela precisa ter dos outros. Enfim, amar demais é uma consequência de uma construção neuropsíquica nada saudável. A boa notícia é que isso pode ser tratado. Todo mundo merece amar e ser amado”, finaliza a autora.