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O exemplo e orgulho da região

Jovem estuda sozinha e passa em 2 faculdades públicas de medicina

Publicado em: 26 de maio de 2022 às 09:01

O exemplo e orgulho da região

Medicina sempre foi um sonho na vida de Beatriz Brigatti Mingorance, de 19 anos. Moradora de Macedônia, ela viu a pandemia da Covid-19 ser mais uma barreira para conseguir ver seu nome na lista de aprovados dos vestibulares mais concorridos do Brasil, mas não desanimou.

Estudando sozinha, cerca de dez horas diariamente, ela conseguiu ver não apenas uma vez, mas duas vezes o seu nome na lista de aprovados em cursos de medicina do Brasil. “Na hora fiquei sem acreditar”, conta.

A ex-estudante de escola pública foi aprovada nos cursos de medicina da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), de Campo Grande (MS), e da Unesp de Botucatu – vestibular de medicina mais concorrido do Estado de São Paulo. No final, optou por cursar em Botucatu. “É mais perto da família”, disse.

Para se ter uma ideia, Beatriz concorreu com 261,4 candidatos por cada vaga. Ao todo, o Vestibular da Unesp contou com 23.523 candidatos no curso de medicina, o equivalente a seis vezes mais que a população de Macedônia, que segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) conta com 3.686 habitantes.

“A medicina é um curso que sempre quis, principalmente por lidar com o bem mais precioso que temos, que é a nossa saúde. Estou muito feliz por ter conseguido”, diz a estudante.

Filha de pai motorista e de mãe secretária, ela é a primeira da família a vestir um jaleco. Mas para chegar à lista de aprovados precisou percorrer um longo caminho.

Na infância, chegou a estudar nas escolas da cidade. Ao chegar no ensino médio, resolveu prestar seu primeiro vestibular. A primeira aprovação foi na Escola Técnica (Etec) de Fernandópolis, onde cursou o ensino médio. Com chuva ou sol, ela percorria 18 quilômetros de Macedônia a Fernandópolis para estudar.

Ao se formar em 2020, ela até pensou em fazer cursinho. “Eu fiz inscrição para um cursinho presencial, cheguei a fazer um mês, no ano passado, mas era muito caro, tive que abandonar e estudar sozinha”.

Com ajuda de um amigo, que emprestou o material de preparação, a estudante entrou em uma intensa rotina de estudos em casa. “Acordava pela manhã e ia até o final da tarde, estudando em casa, mas não deixei de fazer atividades, como pilates, andar de bicicleta e caminhada. Isso me ajudou muito”, disse.

A criação do próprio cronograma de estudos e a realização de exercícios de edições anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e dos vestibulares da Unesp e da USP ajudaram no resultado.

“Infelizmente, o estudante de escola pública encontra mais dificuldade na preparação dos vestibulares. Em São Paulo, temos escolas com melhor estrutura que outros Estados, mas a preparação para o vestibular em uma escola particular é diferente", falou.

Quando questionada sobre a dica para a aprovação, ela destaca a dedicação: “O importante é não desistir”.




(Rone Carvalho – Diário da Região)




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