O ciclista romeiro Antônio Rogério do Nascimento popularmente conhecido como "Neguinho do Asfalto" passou por GastãoVidigal na última segunda-feira (14), onde foi recepcionado na prefeitura pelo prefeito Sebastião Felisberto Fernandes e, também foi recebido na Câmara Municipal."Neguinho" está hospedado no hotel da cidade onde recebeu a visita de 3 integrantes do grupo de ciclismo amigos que pedalam da localidade e da amiga Sabrina Marquezi (esposa de caminhoneiro) que o conheceu pelas estradas do Brasil.Em conversas por aplicativo com o amiga 'Neguinho' resolveu vir até Gastão Vidigal novamente.Antônio já esteve em Gastão Vidigal há cerca de 22 anos.Sua viagem começou no dia 1° de fevereiro de 1991 e só terá fim em fevereiro de 2025, no Canadá.Tudo partiu de uma promessa. Se voltasse a enxergar e recuperasse os movimentos, passaria os próximos 30 anos pedalando. Foi assim que no dia 1° de fevereiro de 1991, Antônio Rogério do Nascimento começou uma promessa que só terá fim em fevereiro de 2025, no Canadá.'Neguinho do Asfalto', como ficou conhecido, perdeu a mãe quando nasceu e, a pouco tempo, o pai. Segundo Rogério do Nascimento, quando menino, sofria de doenças como cegueira, paralisia e deficiências nos pulmões e nos rins.O garoto prometeu a Nossa Senhora Aparecida que, se se voltasse a andar e a enxergar, passaria os próximos 30 anos pedalando. E assim foi. Ou melhor, está sendo.O ciclista conta que já passou por todos os estados do Brasil e por outros 25 países. Para algumas viagens no exterior, ele busca apoio do Consulado do Brasil, mas revela que nem sempre tem sucesso na busca.- Vou na 'cara-de-pau' e peço ajuda, mas nem sempre dá certo.Pelas contas do 'ciclista-pagador-de-promessas', já percorreu quase 900 mil quilômetros.- Já gastei 332 pneus, 210 pares de câmaras de ar e 110 pares de tênis, fora que essa é a terceira bicicleta - explicou.Neguinho do Asfalto pedala cerca de 15 horas por dia.A bicicleta, carrega todos os utensílios necessários para a longa jornada. Nela, vão garrafas de água, roupas, barraca, mantimentos conseguidos por doações e algumas lembranças guardadas durante a viagem. 'Neguinho do Asfalto' não tem patrocínio ou outros recursos. Ele afirma que conta com a ajuda de prefeituras, populares e caminhoneiros, ao longo do percurso.- Posso dizer que 99,9% da ajuda que eu recebo são dos caminhoneiros. Eles dão R$ 2, R$ 5, R$ 10 e a gente completa a refeição do dia. Nos postos de combustível eu também consigo muita coisa - pontuou.O peregrino percorre cerca de 150 km por dia, pedala a uma média de 35 km/h.Neguinho quer escrever um livro, quando cumprir apromessa descrevendo todos os lugares por onde passou.Dificuldades na ArgentinaQuando passou pela Argentina, Neguinho encarou a maior dificuldade da viagem, até então. Ele conta que foi vítima de preconceito, teve a bicicleta roubada e que, só com a ajuda da população, conseguiu recursos para comprar outra.- Queimaram a bandeira do Brasil, amarraram as minhas mãos e pés e me obrigaram a beber uma garrafa de óleo queimado, o que me obrigou a fazer uma cirurgia. Ainda disseram que lugar de 'macaquito' é no Brasil - relembrou.Ele escreveu mais de 18 cadernos sobre suas peregrinações.
- Escrevo como se fosse um diário e, no final, quero transformar tudo em um livro. Vai se chamar 'A vida de um andarilho' - concluiu.O próximo destino de 'Neguinho' será a cidade de São José do Rio Preto -SP. Ele fica até essa quarta-feira (17) em Gastão Vidigal e depois segue viagem. Ainda faltam cinco anos, mas, segundo ele, a fé é maior do que qualquer distância.E que venha o Canadá!