Casais de mulheres predominam entre os parceiros homossexuais que moram juntos na região de Rio Preto.Na região de Votuporanga são 18 casais nesta condição.Os dados são do Censo 2010, divulgados esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De um total de 554, são 354 duplas do sexo feminino e 200 do masculino.
Pela primeira vez, o IBGE perguntou ao chefe da família se ele possui cônjuge do mesmo sexo morando junto. Foram identificados 60 mil casais gays no Brasil e 16.869 deles no Estado de São Paulo, a maioria de mulheres – 8.655. Entre homens, são 8.214. A pesquisa não levou em conta o tipo de união – casados, sob contrato ou apenas união estável.
Na região, o município de Rio Preto é o que mais tem casais do mesmo sexo no mesmo imóvel. São 220 casais de mulheres e 139 de homens. Em segundo lugar no ranking está Catanduva, com 53 – 13 casais de homens e 40 de mulheres, seguida por Jales, com 33 (12 do sexo masculino e 21 do feminino).
A dona de casa Fabiana Aparecida de Jesus Viroli, 34 anos, e a açougueira Andreia da Silva, 31 anos, entram nas estatísticas de Catanduva. Há um ano e meio elas moram juntas, e amanhã serão protagonistas do primeiro casamento homoafetivo. As duas vão se casar no próximo sábado, às 11h35, e no domingo vão receber os amigos para um almoço de comemoração. A união é autorizada desde 5 de maio do ano passado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
As duas se conheceram por acaso. Fabiana morava em Campinas, onde conviveu com seu ex-marido por 11 anos. O relacionamento não deu certo e anos depois ela retornou para Catanduva, tentando salvar a relação dos pais, que estavam em processo de separação. Fabiana foi então morar na casa do pai e o imóvel dos fundos era habitado por Andreia. “Um belo dia fui reclamar com a vizinha dos fundos porque o cachorro dela estava com carrapatos, mas quando a vi foi amor à primeira vista. Ficamos nos olhando, trocamos telefone e nem conversamos sobre o cão”, conta ela.
Uma semana depois estavam namorando e na outra semana começaram a morar juntas porque a família de Fabiana não aceitava a relação e queria que ela voltasse para Campinas. Hoje, as duas ainda moram na mesma casa com os filhos Matheus, 13 anos, e Jordana, 10 anos, o primeiro filho de Fabiana e o segundo de Andreia, ambos de relacionamentos heterossexuais que elas viveram anteriormente. “Estamos realizadas. Ela é o amor da minha vida. Nos damos muito bem”, disse Fabiana.
Na opinião da psicóloga cognitiva comportamental Mara Lúcia Madureira, as mulheres, como já são treinadas para cuidas da casa, tendem a morar junto com mais rapidez e facilidade, ao contrário do homem. Porém, ela afirma que os homens são mais vistos juntos do que as mulheres.
“Tenho a impressão de que a relação de homens é mais aceitável do que as mulheres. A nossa mente está mais adaptada a ver dois homens juntos, por isso esse dado me surpreendeu”. Porém, a psicóloga afirma que a maioria dos casais de homens mora com os pais, por isso são minoria no método utilizado pelo IBGE, que perguntou a sexualidade do chefe da família.
Na opinião da psicóloga e sexóloga Sônia Daud a convivência de casais do mesmo sexo é mais fácil do que em casais heterossexuais porque ambos têm os mesmos sentimentos e necessidades. “Enquanto o homem precisa de romance, a mulher precisa de afeto e amor. As necessidades são as mesmas quando o casal é do mesmo sexo”, afirma.
Maceno é o bairro líder com 18 casaisO bairro Maceno, em Rio Preto, possui 18 casais homossexuais, 12 de homens e 6 de mulheres. Com essa marca, o local é o que mais possui cônjuges gays da cidade. Em segundo lugar no ranking aparecem os bairros Residencial Gabriela e Higienópolis, ambos com 14 casos de união homoafetiva. Os bairros Eldorado e Jardim Simões seguem na lista com 12 em cada.
Os dados do Censo 2010 revelam que no total, a cidade possui 264 casais nessa situação distribuídos em 48 bairros da cidade. A liderança é feminina. São 153 relacionamentos entre mulheres e 111 entre homens. O balconista Heron Rauni de Souza Apolinário, 19 anos, e o desempregado Welves Xavier de Oliveira, 21 anos, fazem parte dessa minoria. Há dois anos juntos, ela dividem um apartamento na Vila Angélica em Rio Preto.
O casal se conheceu pela internet e em um mês de conversa marcou um encontro no terminal rodoviário. Foi amor a primeira vista, contam. Começaram a namorar, mas os pais de Welves anunciaram que iriam se mudar para outro estado. Então decidiram morar juntos. “Não queria deixá-lo, então a única alternativa foi morarmos sob o mesmo teto. Foi uma experiência nova e nos adaptamos bem”, diz Welves. (Elton Rodrigues - Diário da Região)