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Mulher reencontra a mãe 43 anos depois em Tanabi

Mulher reencontra a mãe 43 anos depois em Tanabi

Publicado em: 13 de outubro de 2012 às 08:54

Uma vida marcada pela rejeição. A faxineira Maria Aparecida Prates, 52 anos, tinha apenas 7 anos quando foi abandonada com os três irmãos em um orfanato em Tanabi. Sua mãe, Maria Franco, acabava de romper o casamento e renunciou à criação dos filhos porque precisava cuidar das crianças do novo companheiro. Era década de 1970, e, no orfanato, Maria Aparecida via seus três irmãos partirem, um a um.

E, mais uma vez, os laços de sangue iam se rompendo, a tristeza aumentando. Walter, Roseli e Wilma foram adotados por famílias diferentes, e por elas foram criados. Aparecida não teve a mesma sorte.
Aos 8 anos, passou a morar com uma família de Rio Preto. A experiência durou quatro anos e meio. Aos 12, a menina era devolvida com seus pertences ao mesmo orfanato de onde fora tirada. O motivo alegado pelo casal adotante foi que os dois iriam mudar de cidade e não poderiam levar a menina junto.

“A vida no orfanato não era fácil. Eu era muito sozinha. Quando fui adotada, não fui tratada como filha, mas como empregada”, recorda a mulher. Ela crescia no orfanato, sem afeto. E com muitas saudades dos irmãos. Por duas vezes, foi procurada na instituição pela mãe, mas não quis reencontrá-la. Hoje, a faxineira diz que a dor do abandono era mais forte do que o desejo de conceder o perdão.

Maria concluiu o ensino médio e, ao completar 18 anos, teve de sair do orfanato. “Saí de lá e como não tinha ninguém, fui trabalhar de doméstica, morando em casa de família”. Ela conta que na época pensou em procurar pelos irmãos, mas ainda estava muito magoada com a mãe e o medo de encará-la de frente a impediu.

Aos 25 anos, a faxineira se mudou para São Carlos, onde se casou e teve três filhos. dois meninos e uma menina. “Perdi minha filha há quatro anos. Ela teve um câncer”, fala, sobre a perda da única menina. Durante toda a vida, Maria batalhou para dar o que não teve aos filhos. “Quase passamos fome, mas nunca nem pensei em abandonar meus filhos como aquela mulher fez comigo”, diz, se referindo à mãe já morta, ainda com ressentimento.

Os irmãos dela também se casaram, tiveram filhos e sempre mantiveram contato entre si. A mãe dos quatro irmãos morreu há dois anos sem reencontrar a filha mais velha e sem ter o alívio de seu perdão.
Em Onda Verde, a dona de casa Wilma, hoje com 50 anos, não se conformava de ter perdido contato com a irmã mais velha. Reencontrar Maria era um desafio que ela não media esforços para vencer.

No começo de setembro, Jéssica, 22, filha mais velha de Wilma, navegava pela internet e resolveu digitar o nome e a data de nascimento de Maria no site da Justiça Eleitoral. “Descobri que ela votava em São Carlos e, com essa informação, fui até a polícia e pedi ajuda, pois não sabia mais o que fazer”, conta a jovem.

A partir desse dado, Juliano Henrique da Silveira Silva, investigador de Onda Verde, conseguiu localizar os números dos documentos de Maria. Daí, foi só um passo para chegar ao endereço da faxineira em São Carlos. Com o apoio de policiais da cidade, o investigador entrou em contato com a faxineira.

“Ela levou um susto enorme quando me identifiquei e disse que a irmã e a sobrinha dela a procuravam”, conta. A primeira conversa telefônica aconteceu na segunda-feira passada. O investigador de Onda Verde fez a intermediação entre as irmãs. “Fiquei surpresa ao saber que era procurada pela minha irmã, já tinha perdido as esperanças”, diz Aparecida.
Para Wilma, o medo era de ser rejeitada, pois imaginava que a irmã poderia guardar algum tipo de rancor.

“Demorei a acreditar que era minha irmã”. Desde então, as duas não cansam de conversar. “Nos conversamos todos os dias, mal vejo a hora de encontrá-la”, diz Aparecida. Agora, as famílias planejam um reencontro, que ainda não tem data para acontecer. Jéssica diz que os familiares de Onda Verde querem ir até São Carlos o quanto antes. E Aparecida diz que é um alívio saber notícias dos irmãos. “Eu era sozinha com meus filhos e minha netinha. Agora tenho uma família grande que quero conhecer pessoalmente e nunca mais vamos nos deixar.”

(Graziela Delelibera/Tatiane Domingues- A Cidade)

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