Polícia Federal prende quadrilha que usava igreja pra lavar dinheiro
Polícia Federal prende quadrilha que usava igreja pra lavar dinheiro
Publicado em: 31 de outubro de 2012 às 18:14
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira, 31/10, a Operação Lava-Rápido, com o objetivo de desarticular organização criminosa especializada em crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e subtração de procedimentos fiscais da Receita Estadual Paulista. Foram cumpridos seis mandados de prisão e 12 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Atibaia/SP e Valinhos/SP, todos expedidos pela 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
O inquérito policial teve início em março desse ano após a constatação de que uma pequena igreja havia movimentado em suas contas quase R$ 400 milhões em operações financeiras. Constatou-se que se tratava de uma empresa que jamais teve existência física e que a associação religiosa foi criada por gozar de imunidade tributária, o que, diminuiria as probabilidades de fiscalização, na visão dos integrantes do grupo.
Durante as investigações, verificou-se que a criação de empresas de fachada fazia parte de um esquema para sonegação fiscal e evasão de divisas que contava com dois modos de atuação. No primeiro, empresas de fachada eram criadas para que atuassem de forma fictícia, recebendo recursos de empresas reais e depois remetendo os valores para o exterior por meio de “doleiros”, ou seja, de maneira ilegal. Essas falsas empresas eram utilizadas por um período curto para melhor desviar a atenção da fiscalização.
No segundo modo de atuação, o grupo atuava para empresas devedoras do fisco estadual, que já haviam sido autuadas ou que haviam tido seus recursos administrativos julgados improcedentes. Eles contavam com a colaboração de servidores públicos vinculados à área tributária, que atuariam principalmente no “desaparecimento de procedimentos fiscais”.
Enquanto os processos eram fisicamente subtraídos das instalações da repartição pública, havia também o apagamento dos registros nos sistemas de informática. Mesmo processos com muitos volumes “desapareceram”. A investigação aponta que eles eram levados em partes, escondidos em bolsas ou mochilas. Ao final, eram entregues aos chefes da quadrilha, que os remetiam para os empresários envolvidos. Há evidências de que cada procedimento continha valores de multas fiscais que variam entre R$ 1 milhão e R$ 35 milhões.
Segundo estimativas realizadas durante as investigações, o prejuízo total à União e ao estado de São Paulo, pelo não recolhimento dos tributos devidos e pelas fraudes detectadas passam de R$ 150 milhões ao ano.
Foram apreendidos 14 veículos, 5 procedimentos fiscais de pessoas jurídicas e uma de pessoa física, US$ 30 mil e R$ 100 mil.
Um empresário foi preso em flagrante por posse ilegal de armas. Ele já estava com sua prisão preventiva decretada pela Justiça Federal e é um dos 6 presos na operação. Quanto aos outros 4 servidores públicos presos, não foram registradas ocorrências adicionais.
Os investigados responderão, de acordo com suas atuações, pelos crimes contra o sistema financeiro, subtração de processos, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, formação e quadrilha, falsidade ideológica e sonegação fiscal, cujas penas somadas podem atingir 28 anos de prisão.
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