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Sexo, violência e abandono envolve família de hipopótamo

Sexo, violência e abandono envolve família de hipopótamo

Publicado em: 17 de outubro de 2012 às 11:00

Manchinha tem apenas quatro meses, mas já é personagem central de uma história que envolve sexo, violência e abandono. Apesar da pouca idade, é um sobrevivente. Passou incólume a várias tentativas de morte. Todas as vezes, o autor foi sempre o mesmo: seu pai, Batatinha, de quem foi afastado. Em breve, sofrerá outro duro golpe em sua curta existência, em razão do clima doméstico “desfavorável”.

Será retirado do convívio da mãe, Felícia. Vai morar em outro lugar, um lar adotivo, em qualquer parte do Brasil e até mesmo do Exterior, sem qualquer contato com os parentes. Bem que poderia, mas Manchinha não é mocinho de novela mexicana. Na verdade, é filhote dos hipopótamos que vivem no zoológico de Rio Preto e alvo de grande preocupação. Seu pai quer matá-lo para reativar a vida sexual. Em razão do risco de morte precoce, funcionários da instituição buscam, com certa apreensão, um zoológico para abrigá-lo e assim evitar o pior. A tarefa, no entanto, não está sendo fácil. Hipopótamo é bicho grande, que demanda espaço, é caro e não figura entre os preferidos dos visitantes. O coordenador do Zoológico de Rio Preto, Elso Luís Belisário da Silva, explica que o comportamento dos animais é normal e motivado pelo apetite sexual de Batatinha. Ele quer se livrar do bebê para ter acesso à fêmea, que se isola no período pós-parto e não permite intimidades. Espécie de resguardo. Quando está em seu hábitat, as fêmeas fogem com os filhos para o mais longe possível. O objetivo é evitar ataques e se proteger dos parceiros. Um ano depois é que se reaproximam, devagar. No cativeiro, no entanto, a fuga depende da intervenção humana. E ela aconteceu.

Batatinha foi colocado em um espaço separado de Manchinha e Felícia, o que o desagradou profundamente. A nova moradia é mais acanhada, com menos infraestrutura. Atualmente, só tem à disposição um lago artificial, menor que o habitual, para se divertir. De forma contumaz, fica nervoso com a prolongada abstinência e tenta arrebentar a cerca de madeira, na base da força. Não teve êxito, embora não falte potencial para a empreitada. Aos 14 anos, pesa três toneladas, come 100 quilos de ração e capim todo dia e tem forte mordida. A única coisa que conseguiu até o momento: quebrar um dente. Por entre a cerca, Batatinha quase atingiu o filhote, que tem 40 quilos e é 75 vezes menor.

A reprodução faz parte da rotina do hipopótamo. Ele inclusive já matou dois filhos. Outro foi salvo e transferido no ano passado para o Zoológico de Recife, onde se transformou em atração. “Estamos preocupados. Temos que encontrar um lugar adequado para ele. Não é fácil. Será difícil permanecer. Além do risco de morte, pode brigar pelo domínio do espaço com o pai e cruzar com a mãe, o que não deve acontecer”, afirma o coordenador. Para Manchinha ficar em Rio Preto, a direção do Bosque Municipal terá que construir uma área exclusiva para ele, o que não faz parte dos planos. “Entramos em contato com vários zoológicos, mas ninguém mostrou interesse até agora.” Enquanto a questão não se resolve, o filhote aproveita ao máximo para ficar perto da mãe. Está bem apegado. Ainda mama e começou a experimentar os primeiros alimentos sólidos, como legumes. Na maior parte do tempo, fica submerso, na companhia de Felícia. Com a separação inevitável, diz Silva, os dois vão sofrer.

O objetivo é evitar a solidão e também proporcionar a reprodução. Atualmente, a instituição tem 510 exemplares de 70 espécies. Atualmente, em vários zoológicos do Brasil, os funcionários buscam parceiras, por exemplo, para os macacos mandril e babuíno. E para o tigre. Nem sempre, no entanto, a tarefa é das mais simples. Às vezes, até se consegue um parceiro, mas ocorre rejeição. O principal motivo é o grande período de solidão. O leão mesmo matou duas leoas. Em contrapartida, há casos tranquilos. Neste ano, já nasceram em cativeiro filhotes de anta, veado catingueiro, jacaré e do próprio hipopótamo. Com exceção do hipopótamo, os outros não tiveram problema e dividem o mesmo espaço com seus pais. Eles já foram incorporados ao elenco de animais do Bosque Municipal. (Raul Marques - Diário da Região-Foto Neto Cardia)

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