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Médicos "pisam na bola" e liberam cabeça rachada em postinho da região

Médicos "pisam na bola" e liberam cabeça rachada em postinho da região

Publicado em: 05 de janeiro de 2013 às 09:01

O tapeceiro Valdeir Fernandes Baleiro, 38 anos, foi ao Conselho Municipal de Saúde para denunciar a Saúde Pública de Rio Preto por falha de diagnóstico. Ele diz que teve um traumatismo craniano não diagnosticado, que foi tratado como um ferimento leve, com pontos e curativos, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Norte, no dia 22 do mês passado. Valdeir foi atingido na cabeça por uma barra de ferro durante uma briga em uma padaria do bairro Eldorado. Ele procurou atendimento médico para estancar o sangramento do ferimento e para saber se houve dano interno, de acordo com sua mulher, professora Dulcimaria Venâncio, 48 anos. “Mesmo com a cabeça sangrando muito e com muita dor, falaram que foi só o corte. O ferimento foi fechado e o médico pediu para ele tomar remédio para dor. Para nós, era só esperar a recuperação”, disse ela. Porém, dois dias após receber alta Valdeir acordou desorientado e com fortes dor de cabeça, de acordo com a mulher. Por isso, ele novamente procurou uma unidade de saúde. Dessa vez, foi levado por uma unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) à Unidade de Pronto Atendimento Santo Antônio, onde a gravidade da lesão foi descoberta pela equipe, que diagnosticou o traumatismo craniano. O paciente foi encaminhado para o Hospital de Base (HB) e, no dia seguinte, passou por cirurgia para correção da fratura. “O médico disse que ele poderia ter morrido. O atendimento foi completamente errado. Eles deveriam no mínimo pedir um exame para saber se houve algum dano maior. Vamos processar o município por essa falha. Para que isso não ocorra com outras pessoas”, afirmou a professora. Conselho Inconformados com a falha de diagnóstico, o casal procurou o Conselho Municipal de Saúde de Rio Preto para denunciar o caso. “Vamos enviar um ofício à Saúde para que apurem o atendimento prestado a esse paciente. A gerente da unidade se negou a passar o nome do médico que o atendeu”, disse Francisco Mendes, agente administrativo do Conselho. Investigação A Secretaria Municipal de Saúde não revelou quais foram os tipos de atendimentos prestados e o diagnóstico dado ao paciente. Também não informou o histórico de Valdeir nas unidades, como medicamentos que recebeu e procedimentos pelos quais foi submetido. A pasta se limitou a dizer, em nota, que que vai apurar o atendimento prestado ao paciente na rede pública de saúde e tomar as providências cabíveis. Em quatro anos, 28 pessoas morreram Nos quatro últimos anos, 28 pacientes morreram em Rio Preto depois de idas e vindas em unidades de saúde. No caso mais recente, em 22 de novembro, a auxiliar de serviços gerais Rosicler Regina de Moraes Rodrigues, 36 anos, morreu vítima de dengue após peregrinar durante cinco dias e seis vezes pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Jaguaré. A Secretaria de Saúde prometeu investigar todos os casos, a partir do início da última gestão, mas mantém silêncio sobre os resultados. Desde julho do ano passado o Diário tenta obter a conclusão dessas investigações. Foram dois pedidos à assessoria da pasta, por telefone e e-mail, ambos ignorados. Até que, no dia 3 de setembro, o jornal protocolou pedido formalmente na Prefeitura, invocando a Lei de Acesso a Informações (12.527/2011). Pela lei, o órgão público tem 20 dias corridos para responder ao pedido, prorrogável por mais dez dias. Não houve resposta. Diante do silêncio, o jornal encaminhou o caso ao Ministério Público, uma vez que deixar de responder pedido de informações configura, em tese, improbidade administrativa, de acordo com a nova lei. O promotor Aparecido Donizeti dos Santos instaurou inquérito para apurar a denúncia, e encaminhou ofício ao prefeito Valdomiro Lopes requisitando informações sobre o caso em 30 dias. O prazo se encerrou pouco antes do Natal, mas o recesso da Justiça esticou o período para a próxima semana. (Allan de Abreu/Elton Rodrigues - Diário da Região)

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