Com apenas seis anos de idade, Alex Junior do Amaral Perdomo teve de trocar as brincadeiras de criança por longos períodos de internação no Hospital de Base e a urgência que impõe um desafio de gigante: encontrar um doador compatível e vencer uma aplasia de medula, doença que impede a produção de sangue.
A batalha de Alex pela vida foi deflagrada em agosto do ano passado. Desde a descoberta da doença, que atinge uma pessoa a cada um milhão, o menino convive com a rotina de hospital, transfusão de sangue e plaquetas. Passa mais tempo no hospital do que em casa. De agosto a janeiro, suas transfusões semanais corresponderam a 409 doadores. Como não possui nenhum parente compatível, Alex entrou na fila do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) no dia 14 de agosto do ano passado e agora precisa aguardar.
“Nossa rotina mudou completamente. É difícil um menino como ele, inteligente e brincalhão, ficar dentro de um quarto no hospital. O que nos conforta é que ele mesmo é otimista e diz que vai ficar tudo bem”, afirma a mãe, Claudete Aparecida do Amaral Torres, 30 anos, que acompanha o filho dia e noite.
Felizmente, Claudete e Alex não estão sozinhos. Familiares e amigos se uniram pela vida do menino e assumiram a linha de frente dessa batalha. Eles iniciaram uma megacampanha para convocar doadores de sangue e achar um doador compatível de medula. Os chamados são feitos via redes sociais, pedágios com entrega de panfletos e camisetas. São 20 voluntários, entre familiares e amigos, que trabalham incansavelmente. Eles já conseguiram aproximadamente 350 doações, de acordo com o Hemonúcleo de Catanduva.
A tia do menino, a professora Claudia Amaral, 32 anos, é quem encabeça os trabalhos. Ela chegou a abrir mão de suas férias de fim de ano para atuar como voluntária no Hemonucleo de Catanduva, cidade onde a família mora. “Estamos fazendo de tudo para encontrar um doador compatível. Colocamos cartazes pela cidade, nas redes sociais, e contamos com apoio de rádios, jornais e televisão para conseguir a cura para meu sobrinho”, disse.
A batalhaO drama de Alex começou em agosto de 2012, quando ele apresentou manchas roxas na pele e foi levado pelos pais a uma unidade de saúde de Catanduva. Sem um diagnóstico preciso, o jovem foi encaminhado para um especialista do HB. Foi então que veio a triste notícia. “Ele estava com o número muito baixo de plaquetas. Por causa disso, os médicos fizeram exames mais detalhados e descobriram que a medula dele não estava produzindo sangue”, afirma a tia.
De acordo com a oncologista pediátrica Francine de Agostinho Cury Miegid, que cuida do caso, sem a produção dos glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas, o menino tem baixa imunidade, mesmo com as transfusões de sangue, por isso ele precisa de um transplante. “A medula dele está cada vez mais em falência. Ele está recebendo transfusão de sangue a cada dois dias. Como as células brancas não são produzidas, ele não tem defesa e é muito perigoso porque qualquer vírus e bactéria pode provocar infecção generalizada”.
O sofrimento do garoto não tem data para terminar. De acordo com o diretor do hemocentro, Octávio Ricci Júnior, o tempo de espera por uma medula óssea pode variar de meses a anos. “Tudo depende da compatibilidade genética, alguns encontram doador rapidamente e outros precisam esperar mais”, disse. Até ontem, o Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), tinha 1.050 pessoas de todo o País aguardando por uma medula compatível.
AlternativaEnquanto aguarda pelo transplante, a família de Alex recorreu uma alternativa para buscar a cura do garoto. Eles entraram com ação judicial para conseguir que o município de Catanduva compre uma remédio fabricado na Índia, que pode ajudar no tratamento.
O chamado imunoglobulina antitimócito (GAT), é usado para estimular a medula óssea. O medicamento existe em duas variações. A primeira, derivada de coelhos (timoglobulina) já foi testada, mas se mostrou ineficaz para o garoto. Agora, a família quer tentar a o chamado linfoglobulina, que é devirado do cavalo. O remédio porém, não é disponibilizado pelo Ministério da Saúde. A Justiça ainda não se pronunciou a respeito do pedido.
EM BUSCA DE DOADORESSem alternativas de imediata, os familiares do garoto lançaram uma sperie de apelos para que moradores da região façam doação de sangue e inscrição para doação de medula. “É um gesto simples e nobre, que pode ajudar não só a vida do meu sobrinho, como de muitas pessoas”, afirma Cláudia Amaral, tia do garoto.
Para doar sangue ou medula em Rio Preto, o voluntário precisa procurar o Hemocentro, que fica na avenida Jamil Feres Kfouri, 80, no Jardim Panorama. Em Catanduva, as doações podem ser feitas no Hemonúcleo, situado na rua 13 de Maio, 974, Centro. As doações de sangue podem ser feitas por pessoas entre 16 e 67 anos. O candidato precisa pesar no mínimo 50 quilos, não estar tomando medicamentos e não ter tomado vacina nos últimos 30 dias. O futuro doador também não deve consumir bebidas alcoólicas 12 horas antes da doação e estar bem de saúde.
Já a doação de medula óssea pode ser feita por qualquer pessoa que tenha boa saúde e idade entre 18 e 55 anos. Após procurar o hemocentro, será agendada uma entrevista para esclarecer dúvidas a respeito das doações e, em seguida, será feita a coleta de uma amostra de sangue para a tipagem de HLA (características genéticas importantes para a seleção de um doador). Os dados do doador são inseridos no cadastro do Redome e, sempre que surgir um novo paciente, a compatibilidade será verificada.
Uma vez confirmada, o doador será consultado para decidir quanto à doação. O transplante de medula óssea é realizado em ambiente cirúrgico, feito sob anestesia geral, e requer internação de, no mínimo, 24 horas.
(Elton Rodrigues - Diário da Região)