Corretor de imóveis pega 16 anos de cadeia por morte em Rio Preto
Corretor de imóveis pega 16 anos de cadeia por morte em Rio Preto
Publicado em: 21 de fevereiro de 2013 às 21:00
Às 4h de ontem, após 14 horas de uma sessão tensa, marcada por um caloroso debate entre defesa e acusação, o corretor de móveis Carlos Alberto Volpe deixou o Tribunal do Júri de Rio Preto condenado e preso pelo assassinato do colega Durval Nunes dos Santos, 54 anos, em agosto de 2005. Ele ainda será obrigado a pagar R$ 50 mil de indenização aos herdeiros da vítima.
Volpe recebeu o veredicto de pé e de cabeça erguida, olhando nos olhos do presidente do júri, o juiz Caio César Melluzo. Ouviu a sentença - pena de 16 anos e quatro meses de prisão mais o pagamento da indenização - sem esboçar qualquer reação. Não chorou nem demonstrou qualquer vestígio de pesar. Em silêncio, se deixou sair escoltado por policiais militares para a carceragem da Delegacia de Investigaçãoes Gerais (DIG).
De acordo com a lei de execuções penais, o réu é obrigado a cumprir pelo menos dois quintos da pena em regime fechado antes de receber a progressão da pena para o regime semiaberto. No caso de Volpe, ele deverá passar seis anos e cinco meses em regime fechado. A única prova da contrariedade de Volpe foi a manifestação da defesa, que adiantou que vai recorrer para tentar reduzir a pena e para conseguir um habeas corpus para a libertação do réu até que o processo seja finalizado. “Foi absurda a pena e a decisão da prisão. Essa sentença foi tomada com base no clamor público. Isso atrapalha muito o julgamento”, afirmou o advogado de defesa, Luiz Fernando Volpe.
Para a mulher da vítima, Terezinha Lóis, porém, a prisão foi um alento inesperado. Ela, que dizia temer que jamais o réu fosse preso, ficou até o último minuto do julgamento para ouvir a decisão. “Estou aliviada. Foi uma luta de muito tempo, o promotor foi muito hábil e a pena foi além da expectativa”, disse a mulher, que era uma das 15 pessoas que vestia a camiseta com a foto da vítima e com os dizeres “Há 7 anos, 8 meses e 1 dia esperando por Justiça”.
Cerca de 140 pessoas acompanharam a maior parte da sessão do julgamento. No momento do veredicto, 70 pessoas testemunharam a conclusão dos jurados. O Conselho de Sentença acatou a tese da acusação e condenou Volpe por homicídio duplamente qualificado - cometido à traição (pelas costas) e por motivo torpe, vingança. Para o promotor José Heitor dos Santos, a condenação e prisão do réu não produz nenhum sentimento de alegria, nem satisfação. “Não fico alegre nem satisfeito porque um está preso e outro morreu. O júri agiu bem, o condenou e deu um exemplo. Resultado foi justo. A sensação é apenas de que a Justiça foi feita”, disse Santos.
Fortes emoções
Durante as 14 horas de julgamento, o clima no plenário do júri era de tensão. De um lado parentes do réu, do outro os familiares da vítima, a maioria deles uniformizados, com camisetas que clamavam por Justiça. As 100 cadeiras da plateia estavam preenchidas, outras pessoas assistiram ao julgamento em pé. Além dos familiares, jornalistas, estudantes de direito, advogados, entre outras pessoas, acompanharam o julgamento.
Foram ouvidas oito testemunhas, quatro de defesa e quatro de acusação. A cada depoimento o choro contido das partes podia ser ouvido ao fundo. Mulheres seguravam terços e rezavam, tanto os parentes do réu como os conhecidos da vítima. Durante o depoimento da viúuva de Durval, a plateia ficou em silêncio.
Com voz trêmula, a mulher lembrou de uma ocasião em que uma atende do Hospital de Base lhe contou ter recebido a ligação de um homem perguntando se a vítima ainda estava viva ou se teriam de terminar o serviço. Durante o interrogatório do réu, ocorrido no início da noite, os ânimos da plateia estavam mais exaltados. A cada resposta dada ao juiz, os presentes reagiam com suspiros e expressões de indignação.
Réu volta à cadeia 8 anos após crime
Depois de ter sido preso em flagrante por um ano e dois meses pela tentativa de homicídio da ex-mulher, em 2005, Volpe volta à cadeia, agora condenado a 16 anos de prisão. Após a sentença, o réu foi escoltado por policiais militares para a Delegacia de Investigações Gerais, onde deve aguardar vaga para uma penitenciária na região. O preso está dividindo a cela com outras pessoas. O delegado André Balura não informou quantas pessoas estão com ele.
“Só posso te dizer que a carceragem está com 45 presos. E eles estão dividos em oito celas. Entre os presos, estão menores e mulheres que ficam separados dos demais”, disse. Na DIG, os presos não podem receber visitas, porém a família pode levar mantimentos e itens pessoais. Até ontem, nenhum familiar havia aparecido. “Recebemos a ligação de um dos advogados dele dizendo que viria à tarde para conversar com o preso, mas até o momento não apareceu. O preso passou a noite tranquilamente”, diz o delegado.
(Rita Magalhães e Victor Augusto – Diário da Região)
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