Uma boa conversa pode salvar um relacionamento de casal
Uma boa conversa pode salvar um relacionamento de casal
Publicado em: 12 de fevereiro de 2013 às 03:04
De repente, sem que se saiba o motivo, a mulher fica muda. É visível que o homem está diferente, mas ele não abre a boca. Quem nunca passou por situações como essas no namoro ou no casamento atire a primeira pedra. Por mais que o silêncio seja importante para o autoconhecimento e a paz interior, ele também pode se tornar um veneno para as relações amorosas.
De acordo com Rosana Braga, consultora em relacionamentos e autora de livros como “Faça o Amor Valer a Pena” (2006) e “O Poder da Gentileza” (2010), é preciso aprender a diferença entre o silêncio que apazigua e o que perturba.
Para ela, não falar, muitas vezes, pode ser uma forma de torturar o outro, de fazê-lo sentir a dor de ser incompreendido e atacado. “Relacionar-se com alguém que não se mostra, que não revela o que pensa, sente e quer, é altamente frustrante, desgastante e deprimente. Não há troca verdadeira”, opina Rosana. Por outro lado, guardar emoções e sentimentos à espera de que o tempo solucione os conflitos também pode trazer malefícios para si, incluindo doenças como gastrite e úlcera nervosa.
Mas se a falta de comunicação é capaz de “adoentar” o amor e até mesmo colocar um ponto final aparentemente “sem sentido” em belos romances, por que as pessoas insistem em manter esse tipo de comportamento? Segundo Ana Canosa, psicóloga, sexóloga, terapeuta de casais e autora do livro “A Metade da Laranja? Discutindo Amor, Sexo e Relacionamento” (2012), diversas razões levam as pessoas a ficar quietas quando estão bravas, tristes ou insatisfeitas.
Um dos motivos é não saber lidar com conflitos. “Isso pode ser resultado de uma infância na qual a criança não conseguia se expressar. Os pais precisam aceitar a discordância, a raiva e a frustração que as crianças têm, para que, aos poucos, ensinem maneiras não violentas e não destrutivas de demonstrar esses sentimentos.”
O palestrante e fundador da Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional, Rodrigo Fonseca, acrescenta que os exemplos dentro de casa também são importantes. “A maioria das pessoas não sabe se comunicar, principalmente porque nunca presenciou um diálogo aberto entre os pais, sobre o que gostam e o que não gostam. Não há conversas, há gritos”, afirma ele.
Ana ainda destaca que, por conta de ensinamentos religiosos, há quem sustente o conceito de que sentir raiva de pai e de mãe é quase um sacrilégio. “Amar os pais e os irmãos é também suportar e trabalhar a raiva e o descontentamento. Há muitas famílias que não treinam falar sobre emoções e sentimentos, de modo geral. Então, os filhos não sabem como fazer, têm vergonha ou medo”, explica.
Outro fator que pode provocar a mudez entre casais é a baixa autoestima. “Quando a pessoa tem muito medo de perder o outro, acha melhor guardar a insatisfação, o que vai provocar uma insatisfação maior ainda”, acrescenta Ana.
Bomba-relógio
Na opinião de Fonseca, o problema de guardar emoções e sentimentos negativos é a explosão emocional, provocada logo adiante. “Às vezes, a pessoa engoliu tantos ‘sapos’ por tanto tempo que, por uma coisa à toa, descarrega da pior maneira possível”, diz Fonseca. Para evitar crises, o profissional sugere que nada seja deixado de lado.
Porém, falar com o parceiro ou a parceira no auge da raiva não é a melhor opção. “Corre-se o risco de falar alguma besteira e magoar o outro. Além disso, mesmo que as palavras sejam escolhidas a dedo, o que vai prevalecer é aquele sentimento.”
Ana acrescenta que os mais ansiosos têm dificuldade para processar as emoções antes de partir para o diálogo e isso pode ser ruim. “A carga emocional vem com força total e muitas ideias parecem sem sentido. O ideal seria que todos pudessem primeiro pensar sobre o assunto e diminuir a intensidade do descontentamento para, então, iniciar uma conversa franca e controlada”, recomenda.
Para ela, o ideal é que ambos estejam calmos e longe de outras pessoas quando essa discussão for proposta. Se não for possível resolver imediatamente, é fundamental combinar um horário em que os dois estarão disponíveis para o bate-papo. “Ficar o tempo todo cobrando, criticando e brigando só desgasta o relacionamento”, explica.
Fonseca acredita que qualquer mal entendido deve ser resolvido o quanto antes, se possível no mesmo dia. “Não durma ‘de mal’ do seu marido ou da sua mulher. Desse modo, suas mágoas vão ser transportadas para o inconsciente e começarão a se acumular.”Trocar o marido ou a mulher para sanar os problemas de comunicação também não adianta. “Faça uma análise das próprias atitudes. As respostas estão dentro de nós.”
(Daniela Fenti - Diário da Região)
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