Braw é condenado a 60 anos de prisão por morte de bebê em Votuporanga
Braw é condenado a 60 anos de prisão por morte de bebê em Votuporanga
Publicado em: 23 de março de 2013 às 08:33
Foi condenado a 60 anos de prisão o réu Braw Michel Verde, 27 anos, pelo assassinato de Ana Clara da Silva Lagoin, 10 meses, e pela dupla tentativa de homicídio, contra a bisavó da bebê, Aparecida Benta da Silva, e do tio da menina, Mateus Lagoin, 15 anos. O julgamento aconteceu ontem, em Votuporanga, e durou 11 horas.
O motivo do crime, segundo a acusação, foi vingança por causa de som alto no bar de Braw. A criança estava no colo da bisavó quando foi atingida pelas costas pelo disparo.
O adolescente Mateus foi atingido na mão. Os sete jurados, sendo quatro mulheres e três homens, decidiram pela condenação por unanimidade.
O réu, que já estava preso desde a data do crime, ocorrido em 10 de dezembro de 2011, terá que cumprir a pena em regime fechado. O homem saiu da sala do júri algemado e escoltado.
Ele seguiu para o Centro de Detenção Provisória de Andradina, onde aguardava o julgamento. A audiência foi marcada pela tensão entre acusação e defesa. Dez pessoas foram ouvidas como testemunhas, cinco de acusação e cinco de defesa.
A bisavó de Ana Clara precisou ser conduzida coercitivamente pela Polícia Militar, já que não estava presente na audiência. “Eu preferia mil vezes que ele tivesse acertado em mim do que na minha bisneta. Ele acabou com a minha família”, afirmou a idosa, no depoimento.
Durante os debates, o juiz Jorge Canil ameaçou dissolver o Conselho de Sentença e marcar outra data para o júri devido à “grande interferência” dos advogados de defesa enquanto o promotor Cléber Takashi Murukawa fazia sua argumentação.
A acusação se baseou nos depoimentos da mãe de Ana Clara, Fabíola Fernanda Crispim da Silva, e Laura Crispim de Souza, tia da garota, para condenar o réu. As duas afirmaram ter visto o rosto do réu no momento dos disparos. Segundo elas, foram pelo menos quatro tiros.
Enquanto estava sendo ouvida, Fabíola se emocionou diversas vezes e afirmou que o culpado pelo crime era Braw. Ela disse que estava na sala no momento do crime e que através da janela viu o rosto do acusado.
Laura também afirmou ter visto com clareza o rosto de Braw. Ela disse ainda que o réu estava de camiseta branca no momento do crime. Mesma cor de roupa que ele estava quando foi preso em flagrante na casa de um amigo, Éder Luiz Piovezan, uma das testemunhas.
Em seu depoimento, Éder, que conhecia o réu e já havia instalado som no carro dele, afirmou que Braw estava na casa do amigo para falar sobre um serviço e os policiais chegaram para prendê-lo.
Porém, em seu depoimento ao delegado no dia dos fatos o homem contou que Braw chegou na casa dizendo que havia feito “uma cagada, mas que já havia dispensado a arma”.
Neste momento, Éder afirmou que o delegado, Ali Hassan Wassan, que fez o flagrante, não ouviu o depoimento dele e apenas “entregou uma folha para assinar. Eu não li o que estava escrito nesse papel”.
Nesse momento o juiz perguntou à testemunha se o delegado cometeu um crime. Sem responder a pergunta o homem voltou a afirmar que não havia lido o documento. A defesa tentou provar que Fabíola mentiu em seu argumento, já que o local era mal iluminado e havia uma cortina que estaria entreaberta, impossibilitando a visão.
“O laudo da perícia mostra que a cortina ficou chamuscada após os tiros, haviam três marcas de bala, como ela conseguiu ver com clareza que foi o Braw o atirador?”, indagou a defesa. Outro argumento utilizado pelo advogado Marcos Antonio Gianezi foi o exame residuográfico que deu negativo para vestígios de pólvora.
“O exame deu negativo e a arma utilizada no crime até hoje não foi encontrada apesar de todas as diligências da polícia civil em locais diferentes para tentar localizar o revólver 38 de onde partiram os disparos. Nada prova com veemência a autoria do crime”, afirmou o defensor.
O pai de Ana Clara, Mizael Lagoin, 48 anos, afirmou que a justiça foi feita. Ele acompanhou todo o julgamento. “Não estou feliz, mas satisfeito com a condenação. Infelizmente isso não vai trazer minha filha de volta”, disse Mizael. Os parentes do réu que estavam na audiência não quiseram dar entrevista.
(Victor Augusto- Diário da Região)
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