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TRANSPLANTE: vítima de acidente na região doa órgãos em Rio Preto

TRANSPLANTE: vítima de acidente na região doa órgãos em Rio Preto

Publicado em: 16 de março de 2013 às 08:03





A dor da família pela perda de José Carlos Cadamuro, 46 anos, tão cedo não vai desaparecer, mas o conforto veio ontem em forma de solidariedade: o coração dele já bate no peito de Edlaine Aparecida de Freitas, 33 anos, uma das receptoras dos seis órgãos doados pelo rapaz, morto em acidente de trabalho. Cadamuro morava em General Salgado.

Vítima de morte cerebral pela queda de uma altura de três metros, Cadamuro foi doador de múltiplos órgãos - dois rins, o coração, o fígado e as duas córneas – que vão ajudar a salvar ou melhorar a qualidade de vida de seis pessoas. O transplante do órgão em Edlaine, primeiro de 2013, foi realizado na madrugada de ontem no Hospital de Base pelo médico cirurgião cardíaco Marcelo Soares e durou quatro horas.

Às 16 horas de anteontem o marido de Edlaine, Gilmar Cheffa Scarante, 35 anos, recebeu a ligação da Central de Transplantes do Hospital de Base informando sobre o possível receptor. Menos de meia hora depois a mulher já estava passando pelos exames necessários para que ela pudesse receber o novo órgão.

“Ela entrou para o centro cirúrgico às 21 horas. Ficamos bastante tensos, mas na madrugada, por volta das quatro horas ela saiu da cirurgia e o médico nos deu a notícia que nos aliviou. A cirurgia foi um sucesso e minha esposa estava muito bem”, conta o marido.

De acordo com o médico responsável pelo transplante, a receptora teve sorte em dose dupla, já que é difícil encontrar um doador de coração, que seja compatível. Outro fator que chamou a atenção dele é que tanto o receptora quanto doador são do sangue tipo AB, um dos mais raros.

O marido de Edlaine conta que a mulher, que trabalhava como caixa no Sindicato dos Motoristas de Rio Preto, recebeu o diagnóstico da doença há quatro anos. “Ela tinha o coração dilatado, sofria com muita falta de ar e cansaço. Fomos procurar ajuda e recebemos a informação de que o caso era grave. Daí inciamos o tratamento”, afirma Gilmar.

Durante dois anos Edlaine ainda conseguiu trabalhar, mas o tratamento não deu o resultado esperado e ela teve de se afastar do emprego. Ficou mais um ano e meio à base de remédios e há três meses precisou entrar na fila de transplante para receber um coração novo, sua única chance de ter novamente uma vida saudável.

O casal tem uma filha de seis anos e desde que a mulher ficou doente o pai assumiu os afazeres da casa. “Minha única preocupação neste período era ver minha esposa saudável e minha filha feliz. Não medi esforços”, diz Gilmar.

Os outros órgãos de José Carlos também foram doados para outras pessoas. O fígado seguiu para São Paulo, um dos rins foi destinado a um receptor de Botucatu e o outro rim seguiu para Ribeirão Preto. As córneas ainda não têm um destino certo.

De acordo com o médico João Fernando Pícolo, coordenador do serviço de procura de órgãos e tecidos (Spot) do HB, o fígado já foi transplantado e os rins seriam enviados no final da tarde de ontem para os receptores. Já as córneas devem ser transplantadas nos próximos 15 dias.


Acidente

Pai de dois filhos, de 15 e 4 anos, Cadamuro sofreu um acidente no dia 6 de março. De acordo com o primo dele, Claudomiro Aparecido Cadamuro, 35 anos, o homem estava limpando uma calha no prédio da unidade de saúde onde trabalhava, em General Salgado, quando a telha quebrou e ele caiu de uma altura de três metros.

Com a queda a vítima sofreu traumatismo craniano e fratura na coluna cervical sendo socorrido inconsciente para a Santa Casa da cidade. No mesmo dia foi transferido para o Hospital Austa Clínicas, em Rio Preto, onde permaneceu internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até o dia 13 de março, quando foi constatada a morte cerebral. Os órgãos do agente de saúde foram retirados anteontem e na madrugada de ontem o serviço de captação de órgãos iniciou a procura por receptores compatíveis.

“Foi um gesto muito nobre da esposa e do irmão dele. Sabemos agora que outras pessoas farão proveito dos órgãos que não servirão mais para ele”, afirma o primo Claudomiro. Funcionário público desde 1991, Cadamuro era conhecido na cidade pela simpatia e bom trato com as pessoas. “Como agente de saúde, ele andava a cidade toda. Não tinha um que não gostasse dele. O que aconteceu foi um acidente. Muito difícil de aceitar”, diz o primo dele.

O advogado da prefeitura de General Salgado, Ali Abis, informou que toda a assistência funeral será prestada à família. O caso também será investigado por uma sindicância para apurar a causa do acidente. “Ele estava fazendo a limpeza de uma calha por conta própria, não havia uma ordem de serviço, mesmo assim vamos apurar o que aconteceu e prestar todo o apoio necessário”, afirma o advogado.

Segundo Abis, todo funcionário da prefeitura possui um seguro em caso de acidente com morte. O valor do sinistro, porém, não foi informado. O enterro de Cadamuro aconteceu às 17 horas de ontem, no cemitério municipal de General Salgado.



(Victor Augusto – Diário da Região)



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