Duplicação reduz mortes pela metade na Euclides da Cunha
Duplicação reduz mortes pela metade na Euclides da Cunha
Publicado em: 07 de agosto de 2013 às 08:08
A duplicação da rodovia Euclides da Cunha (SP-320), que liga Mirassol a Rubinéia, reduziu em 50% o número de mortes na pista. Se em 2011, quando as obras começaram, 37 morreram na rodovia, no ano passado, quando a maior parte das obras foi concluída, o número de óbitos foi reduzido para 19. Neste ano, até julho, a tendência de recuo permanece, com nove mortes.
Apesar da redução de óbitos, o número de vítimas graves e leves permanece praticamente inalterado - foram 123 feridos com gravidade em 2011 e 124 no ano passado. Se for contabilizado o número total de acidentes, os números aumentaram no período. Os dados são da Polícia Rodoviária Estadual. Para frear o número de acidentes, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) anunciou ontem que vai instalar radares fixos ao longo da Euclides. Ainda não foi definido o número de equipamento nem a localização deles, segundo a assessoria do órgão.
Para o capitão da Polícia Rodoviária Estadual Fabiano Ferreira Nascimento, melhorias estruturais na pista costumam gerar aumento do número de acidentes, mas diminuição no de mortes. “Com a estrada duplicada e asfalto novo, o motorista baixa a guarda, e reduz o nível de segurança, o que ocasiona aumento de ocorrências. Por outro lado, a pista dupla reduz a gravidade dos acidentes, já que não há colisão frontal, por exemplo”, argumenta.
De acordo com o engenheiro da USP de São Carlos especialista em trânsito José Bernardes Felex, pistas recém-duplicadas costumam ter mais acidentes nos primeiros meses de uso. “Isso aconteceu quando a rodovia Washington Luís foi duplicada, no fim dos anos 80. Os acidentes quase triplicaram no trecho entre Catanduva e Mirassol.”
Apesar da redução dos riscos, eles ainda existem. Na madrugada do dia 29 de junho deste ano, a promotora de eventos Andrya Nagia Gouveia Marelato, 26 anos, de Votuporanga, voltava de um bar em Fernandópolis com dois amigos quando o motorista perdeu o controle da direção e capotou na Euclides. Andrya, que estava no banco traseiro, foi arremessada para fora do carro, e morreu na hora. Os outros sofreram ferimentos leves. Todos estavam sem cinto, e o motorista alcoolizado.
“Nossa família ainda está muito abalada, principalmente meu pai e minha mãe”, diz a irmã, Lígia Morelato Oliveira, 30 anos.
Apesar das circunstâncias da morte, Lígia afirma que a família não guarda rancor do motorista. “Ele e a minha irmã eram muito amigos. Ela jamais permitiria que tivéssemos raiva dele.” O jovem chegou a ser preso em flagrante, mas pagou fiança de R$ 20 mil e responde a processo por homicídio culposo (sem intenção) em liberdade. Segundo Lígia, atualmente ele está afastado do emprego por motivos médicos e mora com a mãe em Presidente Prudente.
Saídas
Apesar do projeto do DER de instalar radares na Euclides da Cunha, o engenheiro José Bernardes Felex argumenta que o radar não é a alternativa mais eficaz para reduzir o número de acidentes em rodovias duplicadas recentemente. “O governo deve investir em campanhas pesadas sobre o risco de acidentes, com placas espalhadas pela rodovia. Isso já foi feito anos atrás na Grande São Paulo e no Rio de Janeiro com bons resultados.”
Perigoso em Votuporanga
O trecho da rodovia Euclides da Cunha que atravessa o perímetro urbano de Votuporanga é o terceiro com mais mortes na região entre janeiro de 2012 e julho deste ano, de acordo com levantamento do Diário. No período, foram seis mortes em seis quilômetros. Na região, o trecho só perde para outro, de oito quilômetros, na Assis Chateaubriand (SP-425), com 13 mortos no período, média de quase dois óbitos por quilômetro.
Outro trecho com grande número de mortes fica entre os quilômetros 57 e 74 da rodovia BR-153, no perímetro urbano de Rio Preto. Foram 20 óbitos em uma extensão de 17 quilômetros. Para especialistas, tanto o trecho da Assis Chateaubriand quanto o da BR-153 se transformaram em grandes avenidas de Rio Preto, em decorrência do crescimento da cidade. O mesmo ocorre em Votuporanga.
O trecho líder em óbitos na Assis está em processo de duplicação pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Segundo a assessoria do órgão, foram executadas 27% das intervenções. O custo total da obra é estimado em R$ 74,8 milhões. Na Euclides, a duplicação já está praticamente pronta, e deve ser finalizada em setembro. O custo total da obra foi de R$ 740 milhões. Já a duplicação da BR-153 segue apenas no papel. Em maio, o governo federal anunciou a inclusão da obra no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) 2.
(Allan de Abreu – Diário da Região)
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