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Homem da região recebe rins de criança de 2 anos em transplante

Homem da região recebe rins de criança de 2 anos em transplante

Publicado em: 17 de agosto de 2013 às 09:01



Já está pronto Valdir? Podemor ir?
O jovem mecânico já estava preparado para a cirurgia, mas antes de responder à pergunta da enfermeira, ajoelhou no chão do quarto do Hospital de Base, em frente a uma janela, e rezou.




Na mão, um celular. Do outro lado da linha, a irmã acompanhava a prece. A mulher ficou ao lado, dando força. Ele se preparava para receber dois rins de uma criança de dois anos.



“Ele comoveu a equipe toda. No fim, todos rezamos por ele”, contou a médica residente Gabriela de Souza. Depois, Valdir foi encaminhado para a sala de cirurgia ganhar um novo rim. No caso, dois novos rins. Em um procedimento raro a equipe de médicos do Instituto de Urologia e Nefrologia de Rio Preto (IUN) com o Hospital de Base transplantou os dois rins de uma criança de dois anos, que morreu em São Paulo, no lugar de um dos rins de Valdir Garcia de Souza, 26 anos, morador de Santa Fé do Sul.



A cirurgia foi realizada ontem, com duração de cinco horas. A espera de três anos enfrentada por Valdir, que passava por hemodiálise três vezes por semana no HB de Rio Preto, teve fim. “A cirurgia foi excelente. Se tivesse que dar uma nota seria 100”, avaliou o urologista do IUN, Cléverson D´Avila.

Na história do Instituto, apenas 11 procedimentos como este foram realizados, o último deles em março deste ano. A equipe é uma das únicas no interior que faz o procedimento. “É mais trabalhoso tecnicamente e exige muito mais da equipe”, explicou ele. Quando há o óbito de uma criança, a prioridade é que os rins sejam doados para outras duas crianças que precisem do órgão.

Quando não há receptores compatíveis, entretanto, um adulto pode receber os dois órgãos de uma vez, como aconteceu com Valdir. A criança era moradora de São Paulo e morreu por uma complicação infecciosa na tarde de anteontem. O banco de órgãos, que fica em São Paulo, após exames, constatou que Valdir era o receptor perfeito.

D’Avila explica que o fato de os novos órgãos serem de uma criança não dificulta a recuperação e nem traz mais riscos. “A única desvantagem é que é mais demorado e trabalhoso”, diz ele. Valdir pesa 88 quilos e seu doador pesava 12 quilos. Por isso, os dois órgãos farão a função de um. O rim de um adulto mede 13 centímetros e 150 gramas. O de uma criança, 4 centímetros e 30 gramas. Uma cavidade maior é deixada no espaço em que os rins são colocados para quando eles adquirirem tamanho adulto.

Os dois rins primitivos de Valdir não foram retirados. “Ele fica com os rins, porque, apesar de eles não terem a função de filtrar o sangue, eles têm efeito na formação do sangue”, explicou o médico Cléverson. “Quando ele me ligou contando, eu fiquei muito preocupada. Não entendia como uma criança poderia ser a doadora”, conta Maria Aparecida Rocha, mulher de Valdir. Por muito pouco, o irmão de Valdir não foi o doador. A cirurgia para que o irmão doasse um dos rins estava marcada para a próxima terça-feira. “Era para ser assim. Não tem explicação”, analisa Maria.

A vida da família foi completamente modificada quando Valdir descobriu que tinha nefrite (inflamação nos rins) e que estava com o órgão completamente comprometido. “Foram três anos muito difíceis. Nós tínhamos que evitar tomar sucos, bebidas na frente dele porque ele não podia tomar nada”, conta ela, já aliviada. “Agora, é vida nova. Ele disse que a primeira coisa que quer fazer é tomar uma garrafa cheinha de água. Depois, quer voltar a trabalhar como mecânico. Ele sonha com esse momento”.

O médico Cléverson explica que em 15 dias a alta deve sair. As próximas 24 horas são as mais arriscadas para Valdir, que deverá ficar em UTI. Após isso, ele permanece internado no hospital tomando medicamentos para evitar que o organismo rejeite o novo órgão. “E depois disso, é vida normal!”, adianta o médico.



(Daniela Penha - Diário da Região)

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