Vereador irritado com notícia queima jornal em tribuna de Câmara

Revoltado com reportagem que revelou investigação policial contra suposto desvio de dinheiro do Sindicato dos Motoristas, o vereador Daniel Caldeira (PSL) colocou fogo num exemplar do Diário da Região.

Mostrando descontrole e aos berros, Caldeira disse que o jornal “mentia” ao noticiar o fato e que os jornalistas deveriam “fazer tratamento e se internar no Hospital Bezerra de Menezes.”



O vereador, que preside o sindicato há mais de 20 anos, disse ainda que vai propor a criação de uma “corregedoria” para a imprensa de Rio Preto. Ele quer “convocar” jornalistas a “prestar esclarecimentos” a respeito de reportagens que o desagrada, como a que revelou o inquérito aberto pelo delegado Humberto Páscua, a pedido do Ministério Público Federal (veja reprodução de intimação ao lado).

Denúncia acusa Caldeira de enviar dinheiro do sindicato para o exterior (República Dominicana, onde mora sua mulher), falsificar documentos, privilegiar amigos e familiares no sindicato, além de usar dinheiro do sindicato para compra de veículos a amigos e parentes. Com a atitude de colocar fogo no jornal em plenário, de cima da tribuna, vereadores falam que Caldeira pode até responder por quebra de decoro parlamentar, pelo risco em atear fogo no plenário da Casa. Uma funcionária teve de levar copo d’água para apagar as chamas.



“Eu apenas protestei porque eu não estou sendo investigado. Meu advogado foi para cima do delegado da Polícia Federal e ele disse que não tem nada”, afirmou Caldeira. A investigação, porém, é feita pela Delegacia Seccional da Polícia Civil. Caldeira disse que a reportagem publicada no último dia 4 era “mentirosa”. Depois de deixar a tribuna, Caldeira foi chamado de “palhaço” por uma munícipe que acompanhava a sessão. Ele fez boletim de ocorrência contra Cláudia Sestito Pitinga de Cerqueira. “O cara colocou fogo no jornal e, para mim, isso é vandalismo. Eu disse que ele era palhaço”, afirmou. Cláudia também fez boletim de ocorrência



contra Caldeira e o presidente da Câmara, Paulo Pauléra (PP). Procurado, Pauléra, se fez de desentendido e disse que não viu fogo. “Fogo? Não vi fogo”, ironizou o pepista que, na sequência, afirmou que não era de sua responsabilidade. “Cada vereador responde por seus atos. Eu respondo pelos meus”, disse. O presidente do Conselho de Ética, Cesar Gelsi (PSDB), também se esquivou e não comentou o assunto.



Outros vereadores, como Eduardo Piacenti (PPS) e Maurin Alves Ribeiro (PC do B), disseram que nunca presenciaram situação parecida e criticaram atitude do colega. “Nunca vi uma situação assim. Foi uma fúria contra o jornal”, afirmou Maurin.



(Heitor Mazzoco – Diário da Região)