Polícia investiga morte de recém-nascido em Rio Preto

O delegado Airton Douglas Honório, titular do 1º Distrito Policial, solicitou ontem ao Instituto Médico Legal (IML) laudo com a causa da morte do recém-nascido Ítalo Guilherme da Silva Pinto, que teve o pulmão perfurado logo após o parto. Ele vai apurar se houve negligência médica. “Assim que pegar o laudo, o que deve demorar cerca de dez dias, vou instaurar inquérito. Vamos investigar o que causou a lesão que o matou”, disse o delegado.

O bebê morreu anteontem, um dia após nascer, no Hospital de Base (HB) por conta de uma lesão corto-contusa em dorso, de acordo com o boletim de ocorrência registrado pelo hospital. Esse tipo de lesão, segundo três obstetras ouvidos pelo Diário, geralmente é provocado por interferência humana. “Isso que dizer que alguma coisa furou e cortou o bebê, provavelmente alguma intervenção humana”, disse um obstetra que preferiu não se identificar.

Sucessão de erros

A avó materna Maria Aparecia da Silva aponta uma sucessão de erros médicos como causa da morte. Ela afirma que a filha ficou cinco dias com a bolsa rompida e nesse período passou pelos hospitais Ielar e Santa Casa com dores, mas que o rompimento não teria sido descoberto. Na quarta-feira, ainda com dores, a mãe do bebê, Aline Paola da Silva Pinto, 24 anos, recorreu a uma clínica particular para fazer ultra-som e consulta. Só então o rompimento da bolsa teria sido descoberto e ela encaminhada com urgência para o HB, onde passou por cesariana. Na cirurgia, teria ocorrido a perfuração do pulmão do bebê. Aline estava grávida de sete meses.

“Quando foram realizar o parto, o pezinho do bebê já estava saindo. Achei um absurdo, e ainda depois cortaram um pedaço do útero da minha filha e perfuraram o pulmão da criança. Muita negligência médica”, disse a avó. Esse seria o primeiro filho de Aline e o primeiro neto de Maria. “Estávamos numa alegria muito grande com o primeiro neto. Jamais imaginaria que isso pudesse acontecer conosco", diz a avó. Aline teve alta do HB na tarde de ontem, mas alegou estar abalada e não concedeu entrevista. O corpo de Ítalo será enterrado no cemitério São João Batista na manhã de hoje.

HB vai apurar

A diretoria do HB informou que aguarda o laudo do IML e que está apurando “as circunstâncias do procedimento”. O hospital alegou que não irá se manifestar sobre a cirurgia por respeito ao sigilo médico e à família do paciente.

O provedor da Santa Casa, Nadim Cury, afirmou que Aline foi examinada por especialista no dia 6 de outubro e que na ocasião a bolsa ainda não havia rompido: “Quando ela veio o exame de urina estava normal e não tinha bolsa rompida”. A assessoria do Ielar informou que ela só foi atendida no dia 13 de setembro, porém não revelou detalhes do atendimento.



(Elton Rodrigues – Diário da Região)