Anticoncepcional ajuda a evitar a endometriose
Anticoncepcional ajuda a evitar a endometriose
Publicado em: 09 de novembro de 2013 às 08:46
A relação das mulheres com as cólicas mensais é sempre tensa. No entanto, há uma crença equivocada de que sentir este tipo de desconforto seja normal, em função da menstruação: não é, alertam os ginecologistas.
Até porque em muitos casos a cólica incapacita a mulher para o trabalho, e em muitos casos pode estar associada a uma doença séria, conhecida como endometriose, que afeta até 10 milhões de brasileiras, além de ser a principal causa de infertilidade no sexo feminino.
Para o ginecologista José Bento, o uso da pílula anticoncepcional é uma boa solução para prevenir problemas ginecológicos, como cisto no ovário, miomas e pólipos uterinos. "Além de preservar a fertilidade, ela reduz de maneira importante os riscos de desenvolver a endometriose", diz. Vítima do problema, a comerciante A.L.L. conta que passou 19 anos peregrinando em busca de explicação para as cólicas que a atormentavam desde os 13. "Sentia muitas cólicas e dores abdominais. E ao procurar os médicos era informada de que aquilo era normal", diz.
Ao longo desse tempo, A. conta ter sido extremamente prejudicada pela endometriose. Além de não ter conseguido engravidar, como a dor causada pela doença é frequente e muitas vezes intolerável, ela deixava de ir trabalhar. "Meu rendimento caía muito por causa das dores. Precisava tomar anti-inflamatórios ao longo do dia para aguentar", explica.
Hoje, aos 42 anos, após duas laparoscopias e uma tentativa frustrada de fertilização in vitro, ela conquistou a tão sonhada qualidade de vida. "Tomo pílulas anticoncepcionais de uso contínuo, que impedem o crescimento de outros focos. Ainda sinto alguns incômodos e volto ao médico de seis em seis meses para acompanhamento, mas hoje não é nada que atrapalhe meu dia a dia." Ela já planeja uma nova fertilização para o ano que vem. "Quero muito ser mãe", diz.
O ginecologista Marco Aurélio Pinho de Oliveira, membro da Comissão Nacional de Endometriose, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), explica que é muito comum numa mesma família algumas mulheres sofrerem do problema e outras não. São várias causas. Entre mães e filhas, a primeira questão é idade. "Se considerarmos uma adolescente de 19 anos e sua mãe (que ainda pode estar menstruando), o ambiente pelo qual passaram são bem diferentes - alimentação, poluição ambiental, etc.; já no caso de serem irmãs, a chance das duas terem é relativamente alta. Claro que existem questões genéticas individuais que propiciam que uma desenvolva e a outra não (e ainda não sabemos quais as características genéticas específicas de quem tem endometriose)", explica.
Tratamento
Oliveira lembra que o melhor tratamento a longo prazo é a remoção cirúrgica dos focos por via laparoscópica. Ele não descarta o tratamento hormonal, que diz ser muito útil para dificultar a progressão dos focos e aliviar a dor. "Mas não elimina o foco.
E infelizmente os tratamentos hormonais impedem a gravidez, ou seja, não servem para mulheres que pretendem engravidar, exceto se por intermédio da fertilização in vitro", diz.
Para o ginecologista rio-pretense José Luiz Crivelin, a primeira opção de tratamento deve ser sempre clínica, inclusive com medicamentos novos, que podem ser tomados via oral. "Eles têm poucos efeitos colaterais e ajudm a diminuir os focos de endometriose.
Acredito que a opção por tratamento cirúrgico só deva acontecer se a paciente não obtiver melhora clínica e/ou ocorrer aumento dos focos de endometriose", afirma.
(Cecília Dionízio – Diário da Região )
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