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Desaparecimento de Francisquinha completa 12 anos em Votuporanga

Desaparecimento de Francisquinha completa 12 anos em Votuporanga

Publicado em: 06 de julho de 2014 às 08:18

“Oh, metade afastada de mim. Leva o teu olhar. Que a saudade é o pior tormento”. O trecho da música ‘Pedaço de Mim’, de Chico Buarque, resume o sofrimento da dona de casa Francisca Vilani Souza Santos, 37 anos, de Votuporanga: no dia 28 deste mês, ela completa 12 anos de busca incansável por informações sobre o desaparecimento da filha Francisca Simara Souza Gomes, conhecida como Francisquinha.

Na época, a estudante comunicativa e brincalhona com os quatros irmãos, como a mãe descreve, tinha oito anos e desapareceu sem deixar qualquer vestígio. Filha mais velha de dona Francisca, ela vestia no dia - um domingo nublado, por volta das 11h30 - uma saia de crochê azul, blusinha vermelha e chinelo vermelho com a sola gasta. “Era o dia do aniversário dela. Íamos fazer uma festinha surpresa na casa da minha patroa. Fiz faxinas por fora para juntar o dinheiro para a festinha dela. Com o que juntei, até comprei uma boneca”, disse a mãe, mergulhada em tristeza.

Mesmo sem qualquer pergunta, enquanto se recompunha, Francisca desabafou. “Quem levou minha filha a conhecia. Ela não era de aceitar nada de pessoas estranhas. Só peço que quem a levou, me devolva”, afirma a mãe.

Entre notícias desencontradas, trotes e depoimentos vagos - após quatro meses do sumiço de Francisquinha - um assassinato chamou a atenção da delegada Célia Aparecida Moreno, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), responsável pelo caso. Uma menina com características semelhantes às de Francisquinha foi morta em Cardoso pelo pai-de-santo Moacir Fernandes Dias.

Francisca não pensou duas vezes em procurar Moacir para olhar nos seus olhos e perguntar sobre o paradeiro da filha. Ela quis ficar na sala sozinha com ele, com medo de Moacir não dizer a verdade diante de outras pessoas. "Ajoelhei nos pés dele. Não tenho vergonha de falar. Por mais que fosse difícil, queria saber se ele tinha matado minha filha. Lembro como se fosse hoje. Falei que precisava dormir em paz, e ele respondeu chorando que não", diz Francisca.

Devota de Nossa Senhora Aparecida, jurou nunca mais pensar na hipótese de que a filha esteja morta. "Vou encontrar ela. Tenho certeza e fé em Deus. Já sonhei muitas vezes com o nosso reencontro. Não vou desistir, sempre sonho com ela chamando meu nome", diz, emocionada.

O pai-de-santo foi condenado a 37 anos e 4 meses de prisão, em fevereiro de 2007, pelo assassinato de Ana Letícia Bueno Magalhães, que a dona de casa pensava ser sua filha Francisquinha.

Roupa preferida vira relíquia

Uma semana antes de desaparecer, Francisquinha havia dançado quadrilha na Escola Maria Izabel Martins de Oliveira, onde cursava a 3ª série do ensino fundamental. "Ela tinha ganhado o vestido de presente de uma amiguinha da sala dela. Não vou me desfazer.

Era o preferido dela. Passo horas abraçada com o vestido. Ela ficou tão engraçadinha", conta a mãe. E não é só Francisca que sofre sem notícias da filha. Os irmãos Felipe, 17 anos, Lucas, 13, Mateus 16, e Tiago, 11, também querem saber se a irmã vai voltar. "Sempre perguntam dela.

Fico sem palavras. Amo muito eles, mas nada supre a falta que sinto dela.", diz a mãe, que largou o emprego, teve depressão e hoje passa o dia em casa para cuidar dos filhos.



(Allan de Abreu e Luciano – Diário da Região)

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