Pai e dois filhos vivem em casa quase caindo na região
Pai e dois filhos vivem em casa quase caindo na região
Publicado em: 07 de setembro de 2014 às 05:29
Uma história que daria um livro baseado em fatos reais de puro sofrimento, prejuízos do destino e que a gente acha que só vê na televisão está mais perto do que imaginamos.
Pai e dois filhos vivem em situação de extremo risco, a ponto de perder as vidas de baixo de uma casa prestes a desabar, sem água encanada, sem saneamento básico e no meio de um matagal, em Potirendaba.
A triste realidade da família que mora em uma chácara ao lado da cidade é até difícil de ser contata. O local improvisado que abriga os três não tem condições de ser chamado de casa. Paredes tortas, teto caindo e rachaduras por toda parte são apenas alguns dos problemas que eles convivem há pelo menos 10 anos. Benedito Divino Bonilha, uma menina de 16 anos e um garoto de 15 anos moram em uma chácara no final da rua Conselheiro Rui Barbosa. Propriedade esta que é fruto de uma batalha judicial que já dura, pelo menos, duas décadas. A área de três alqueires que pertence a Antônio Carlos Talarico, há anos abrigou uma fábrica de sabão. A empresa abriu falência no fim da década de 80 e tudo o que sobrou foram dívidas astronômicas e famílias desamparadas. A família de Benedito foi uma delas. O homem simples e de pouco estudo trabalhou por longos 19 anos praticamente sem receber nada da empresa de Talarico. Com ação na justiça pedindo a área como pagamento pelos serviços de Benedito, o advogado de defesa orientou que ele ocupasse a chácara até a decisão final do juiz para não perder o direito das terras.
Durante os vários anos de serviço na vida, Benedito hoje não ouve de um dos ouvidos e não enxerga de uma das vistas. Recentemente trabalhando em um frigorífico de Nova Aliança, ele contraiu uma bateria nas unhas causada pelas aves e corre risco de perder os dedos. Na chácara há apenas os quatro pequenos cômodos que mora o pai, os filhos e muito mato. O local é antigo, as paredes estão extremamente danificadas, o chão é de cimento e está todo esburacado. Daniely, a filha que cuida da casa, conta que o único cômodo que não chove é o quarto onde dorme os três todos juntos.
“Meu pai dorme na cama de casal com meu irmão e eu durmo na cama de solteiro. É nesse quarto que assistimos televisão, dormimos e estudamos”, conta a adolescente. Energia elétrica só chegou ao local depois que a prefeitura interviu e auxiliou. Sistema de saneamento básico é artigo de luxo por ali. A água que eles recebem vem de uma mangueira puxada de um vizinho e esgoto é jogado em um buraco que o próprio Benedito cavou ao lado da casa. Se não fosse só a tragédia em morar em situação de risco e todas as consequências do destino, no dia 24 de junho, Nilza Pontes, a mãe dos adolescentes sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e não resistiu. “Eu estava aqui com ela quando ela caiu na cama.
Eu saí correndo para buscar ajuda, chamamos a ambulância, mas ela não resistiu”, conta o garoto. Questionado qual o sonho deles, a menina diz que espera ganhar a causa na justiça, pois nada mais justo o pai receber pelo tempo que trabalhou.
“Eu queria que meu pai ganhasse a ação para, pelo menos, termos um pouco de paz. Esse é o sonho dele, ele está com depressão, não dorme de noite, fica o tempo todo lembrando da minha mãe. A situação está difícil”, conta a adolescente chorando. Por causa da ação que rola na justiça é que a reforma ou reconstrução da casa não podem ser executadas. “A prefeitura está ajudando a gente de todas as formas com praticamente tudo. Os funcionários vieram aqui para alugar uma casa pra gente ou reformar essa, mas por enquanto não pode, por que podemos perder a ação”, conta a adolescente.
Na incontrolável batalha em segurar as lágrimas, é difícil quem entra naquele pequeno espaço de quatro cômodos e não se emociona ao ver, três seres humano na incansável luta com a vida, viver em situação tão sub-humana como a encontrada. Só conhecendo de perto e sabendo dos problemas enfrentados pelos três é que é possível se ter uma dimensão do problema em que eles vivem. Questionado sobre a possível ligação da rede de água e esgoto na casa da família, o sistema de Saneamento de Água e Esgoto de Potirendaba (SAEP), informou em nota que visitou o local e constatou que a chácara não pertence ao perímetro urbano do município.
A prefeitura informou que além de estar dando todo o suporte social, está analisando o caso. Quem quiser ou puder ajudar de alguma forma pode entrar em contato com a redação da Gazeta pelo telefone (17) 9 8803-4123 ou pelo e-mail luiz@gazetainterior.com.br.
(Gazetainterior)
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