De batom vermelho e unhas rosas, a máquina de costura não para. São dezenas de tecidos, cestos, que passam pelas “mãos de fada”. Sorriso no rosto, olhar brilhante e uma vida voltada para a Santa Casa de Votuporanga. O nome, de cara, combina com o Hospital: Santa. E sua atuação na Instituição reflete a missão de todos os colaboradores: amor por uma causa maior, a de salvar vidas.
No auge dos 82 anos, Santa Maria Marques, conhecida como Dona Santa, representa toda a história da Santa Casa. Afinal, são 45 anos dedicados para o Hospital no mesmo cargo em que começou: costureira. “Lembro-me como iniciei. Pedi emprego para o meu vizinho, que me apresentou para o capitão Leonidas Pereira de Almeida. Quando cheguei aqui, o prédio era pequeno, modesto e uma fila enorme de pessoas em busca de trabalho. Ao falar com o capitão, ele me direcionou para a costura”, afirmou.
Na sala, estava dona Olinda, que já atuava no Hospital. “Recordo dos moldes de roupas de centro cirúrgico que estavam na mesa e peguei para fazer, enquanto dona Olinda estava fora. Quando ela retornou, falou para o seu Leonidas que eu tinha talento. Fiquei sozinha no setor depois de três meses, com a saída de dona Olinda”, contou.
E com este talento, dona Santa confeccionou sonhos. Várias vestimentas já foram produzidas por ela. Seu trabalho auxiliou com que projetos fossem concretizados. “Já fiz sapatilhas, máscaras, uniformes, vestimentas para centro cirúrgico, roupas para berçário, para Pronto Socorro, camisolas de óbito, aventais, consertos, cortinas e até mesmo bolsa para aparelho de pressão. A demanda sempre foi grande”, afirmou.
Ao andar pelo Hospital, a costureira se impressiona pelo crescimento da Instituição. Abre um sorriso e revela todo o amor pela Santa Casa. O Hospital faz parte da família Marques. “É minha filha. Não a vi nascer, mas acompanhei tudo de perto. O primeiro passo, dentinho. Só vejo o quanto que ela se desenvolveu. Vi muita coisa boa acontecer e, principalmente, permanecer. Costumo dizer que nem conheço todos os setores de tanto que cresceu”, destacou.
Na memória viva de dona Santa, a inauguração da ala F toma conta do coração. “Confeccionei almofadas, cortina para a saleta que havia. Foi uma correria, mas valeu muito à pena. São anos de muito trabalho e de muitos amigos que ganhei”, afirmou.
Foram vários avanços acompanhados pela costureira. “No início, a gente fazia de tudo. Eu mesma adquiria os tecidos, toalhas para bordar. Depois, implantamos o setor de Compras e tudo ficou mais sistematizado. Aprendi muitas coisas nestes anos”, disse.
No aniversário de 68 anos da Instituição comemorados na segunda-feira (16/4), dona Santa faz um “pedido”. “Quero que o Hospital cresça e salve mais pessoas. Aproveito para agradecer os diretores que se dedicam para que nossa Instituição possa se desenvolver. Vejo o amor que vocês têm pela causa, assim como nós, funcionários, temos. A Santa Casa é a nossa vida”, afirmou.
A cada ano, o desejo da costureira é reforçado. São milhares de pacientes que passam pela Santa Casa, que salva vidas e sonhos. Somente em 2017, foram 816.051 atendimentos somente no Hospital. Foram 12.806 internações, 85.589 consultas ambulatoriais e 70.519 ocorrências entre urgência e emergência, além de 647.137 exames.
Desde 2014, é considerada pelo Governo do Estado de São Paulo, como um Hospital Estruturante, ampliando a quantidade de cidades atendidas e se tornando referência para todo o Estado, fruto da humanização de todos os colaboradores. São 1.044 funcionários que se dedicam à cuidar do paciente com o melhor de cada um, além de 250 médicos.
São oferecidas mais de 30 especialidades médicas garantindo assistência abrangente: Anestesiologia, Cardiologia, Cardiologia Intervencionista, Clínica Médica, Cirurgia Geral, Cirurgia Cardíaca (referência na área), Cirurgia Pediátrica, Cirurgia Plástica, Cirurgia Torácica, Cirurgia Vascular, Dermatologia, Endocrinologia, Endoscopia, Gastroenterologia, Ginecologia/Obstetrícia, Geriatria, Hemoterapia, Infectologia, Medicina Nuclear, Nefrologia, Neonatologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia, Oftalmologia, Pediatria, Psiquiatria, Radiologia, Radiologia Intervencionista, Reumatologia, Terapia Intensiva e Urologia.
Em todo o complexo formado portrês Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs) de Votuporanga – primeira unidade do Estado, Jales e Santa Fé do Sul; Núcleo de Atenção à Saúde; Farmácia de Alto Custo e SanSaúde, são mais de 2 milhões de atendimentos.
Mais do que qualquer número, a humanização é prioridade. E nesta missão, os voluntários fazem toda a diferença.São 200 deles que cedem toda a sua sabedoria ao próximo, valorizando ainda mais a assistência médica realizada.
Além dos serviços gratuitos realizados pelo voluntariado dentro da Instituição, o apoio de toda população de Votuporanga e região possibilita a promoção de diversos eventos em prol da Santa Casa. No ano passado, estas campanhas renderam muito para o Hospital, colaborando financeiramente para a manutenção das atividades.
O provedor da Santa Casa, Luiz Fernando Góes Liévana, comemora o aniversário. “São 68 anos de muita história. Nestes 68 anos, tenho a honra e desafio de ser provedor peloquarto mandato à frente da Instituição (2009/2011; 2011/2013; 2015/2017). Posso dizer o quanto que Hospital mudou minha vida. Nesta correria em busca de salvar vidas, nosso olhar muda. Como valorizamos as pessoas, sua trajetória. Isso é humanização, se colocar no lugar do outro, em busca do melhor atendimento. Conquistamos isso no decorrer dos anos, graças à equipe competente de colaboradores, corpo médico e voluntários. Agradeço minha diretoria sempre comigo na tomada das decisões. Nosso sentimento é de gratidão por cada um que passou em nossa Santa Casa, cada um que foi atendido, cada município, cada liderança, cada voluntário, cada pessoa física e/ou jurídica que nos ajudou a crescer e nos tornar o que somos hoje: referência para todo o Estado e Brasil, com muita qualidade principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS)”, ressaltou.
Ele fez questão de valorizar a história da Instituição. “A Santa Casa é o que se tornou hoje graças a todos que se empenharam nesta missão. Cada ex-provedor foi essencial para que nosso Hospital crescesse e se desenvolvesse, visando oferecer o melhor para Votuporanga e região. Os nossos primeiros médicos, que não mediram esforços em atender nossos pacientes. Os voluntários que realizaram quermesses, leilões para arrecadar recursos e proporcionar investimentos quando a Instituição ainda assistia seis cidades, para uma população estimada de 35 mil moradores. A Santa Casa só existe porque estas pessoas se engajaram em construir um Hospital estruturado, moderno, com profissionais qualificados e diferenciados. Nossa força motriz é o amor”, finalizou.