A equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Votuporanga recebeu um chamado inusitado neste final de semana. Em meio às ocorrências de acidentes de trânsito, emergências, fatalidades, a linha 192 tocou diferente, enchendo o espaço de alegria e emoção. O desafio: o nascimento de uma criança em casa. Os profissionais foram acionados para socorrer Priscila Ferreira Rios, de 31 anos, que estava em trabalho de parto.
A profissional de serviços gerais, de 31 anos, estava em sua residência na sexta-feira (18/5) juntamente com toda família. “Eu, minha irmã Patrícia Helena e minha mãe Elizabete Ferreira estávamos fazendo unha. Tomamos nosso café da tarde e sentei no sofá. Foi quando minhas costas doeram. Na hora que levantei, minha bolsa estourou e minha irmã correu para ligar no Samu, às 17h30”, contou.
De um lado da linha, Patrícia. Do outro, o médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, Walter Serafim. Entre os dois, a necessidade de acalmar a mãe que estava de 38 semanas e seis dias. “Eu fiquei preocupada, com medo de não dar conta. Nem tinha marcado parto ainda, quando tudo ocorreu”, disse Priscila.
Walter esteve o tempo todo orientando a família. “A irmã ligou falando que a bolsa tinha rompido. Fiz as perguntas de praxe de quantas semanas de gestação e quantos filhos. Já enviei a ambulância para que fosse fazer atendimento, enquanto estava conversando com a família”, disse.
Com o telefone no viva-voz, o médico coordenava os procedimentos. “Falei para tirar todo mundo do local, porque era preciso tranquilidade. Solicitei toalhas limpas também para colocar debaixo da mãe e depois para cobrir o bebê. Orientei como fazer os movimentos, passo a passo até que os socorristas estivessem na casa”, complementou.
A preocupação era acalmar a gestante, a tempo de que o Samu chegasse na residência. “Mantive em todo o chamado ressaltando que nascimento é algo divino. Eu estava monitorando e uma equipe indo até ocorrência. A acompanhante foi muito prestativa, acalmou a mãe, seguiu toda orientação, o que facilitou nosso trabalho”, afirmou Walter.
Priscila, aos poucos, foi se tranquilizando, principalmente após saber que o médico do Serviço já a atendeu anteriormente. “Dr. Walter fez o parto da minha filha Ana Julya, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Isso foi ótimo, porque já conhecia o profissional”, disse a mãe.
Após quatro minutos, a Unidade de Suporte Avançada chegou na residência com a equipe: Dr. Leonardo Azambuja, enfermeiro Arthur Garcia e o socorrista Ronaldo Ribeiro da Silva. “Durante o trajeto, preparamos todos os aparatos, como kit parto. Quando chegamos, vimos a paciente deitada em um sofá na varanda de sua casa. Houve ruptura da bolsa e ela estava em processo de parto espontâneo. Em acordo comum, optamos em realizar nascimento no local. Após procedimento, cortamos o cordão umbilical, grampeamos e envolvemos Helloá Vytoria Rios Ferreira em manta para encaminhar para Santa Casa juntamente com sua mãe”, contou Arthur.
Helloá veio ao mundo às 17h50, com 45 centímetros e 2,810 quilos. A bebê é a caçula de cinco irmãos: Lucas Eduardo, de 17 anos; Maryeni, de 12; Thamyris Victoria, de sete anos e Ana Julya de cinco.
Mais do que a princesa da família Ferreira, ela é muito amada pela equipe do Samu. “Infelizmente, a maior parte das ocorrências são de acidentes, pacientes com doenças graves em situação de risco, diferente desta. A gente lida com a morte e com a vida. Nosso propósito é salvar quem está em uma gravidade maior. Foi um momento muito especial o nascimento de Helloá. Estou há sete anos no Samu e foi o primeiro parto que fiz, são momentos que marcam a nossa carreira, além de ser raro um chamado como esse, a gente está trazendo vida e felicidade para um lar”, destacou o enfermeiro.
Com Helloá nos braços, Priscila faz um agradecimento: “só posso ser grata por todo atendimento, eles foram ótimos e me ajudaram neste momento tão especial. Que Deus abençoe o Samu!”, finalizou.