A Secretaria Municipal da Saúde da Prefeitura de Votuporanga promove na próxima quinta-feira (24/5), o 1º Seminário para Eliminação da Sífilis Congênita como problema de Saúde Pública em Votuporanga. O evento voltado aos profissionais da saúde será realizado no IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo), das 7h30 às 15h.
A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior. A sífilis pode ser transmitida por relação sexual sem preservativo com uma pessoa infectada, ou para a criança durante a gestação ou parto.
A coordenadora do Programa IST/ Aids de Votuporanga e também uma das responsáveis pelo evento, Léa Bagnola retrata o cenário preocupante da sífilis congênita no país e a necessidade de reduzir os números de casos também no município. “O tema é muito sério e a sífilis deve ser eliminada. A meta estipulada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é que o país registre menos de meio caso por 1.000 nascidos vivos. Ano passado, o município fechou com o total de 5 novos casos, o que corresponde a uma incidência de 4.7 nascidos vivos por 1.000 nascidos vivos”.
Hoje, 11 gestantes diagnosticadas com sífilis estão inseridas na rede básica de saúde do município sendo tratadas e acompanhadas pela Vigilância. Os bebês nascerão neste ano de 2018.
“Em 2017, nosso serviço intensificou todas as ações de eliminação da doença, mas é cedo para dizer que estamos colhendo frutos. Esse evento tem objetivo de analisar nossas ações desenvolvidas até agora e as que estão sendo intensificadas, sempre acompanhando as gestantes com sífilis”, esclarece Léa.
Panorama da doença No Estado de São Paulo, em 2016, a sífilis congênita apresentou 3,6 mil novos casos (taxa de 5,8); a sífilis em gestantes, 8,1 mil casos (12,9); a sífilis adquirida, 30.183 casos (67,4). Os dados são do Boletim Epidemiológico da Sífilis - 2017.
Em 2016, foram registrados 87,5 mil casos de sífilis adquirida no Brasil, e taxa de detecção de 42,5 casos para cada grupo de 100 mil pessoas. A sífilis em gestantes teve 37,4 mil casos notificados, com taxa de detecção de 12,4 casos para cada 100 mil habitantes. Já a sífilis congênita apresentou 20,4 casos em 2016, com taxa de detecção de 6,8 para cada 100 mil pessoas.
Sífilis congênita A sífilis congênita é uma doença transmitida para a criança durante a gestação (transmissão vertical) e pode se manifestar logo após o nascimento, durante ou após os primeiros dois anos de vida. Na maioria dos casos, os sinais e sintomas estão presentes já nos primeiros meses de vida. Ao nascer, a criança pode ter pneumonia, feridas no corpo, cegueira, dentes deformados, problemas ósseos, surdez ou deficiência mental. Em alguns casos, a sífilis pode ser fatal.
Por isso, é importante fazer o teste para detectar a sífilis durante o pré-natal e, quando o resultado for positivo, tratar corretamente a mulher e sua parceria sexual, para evitar a transmissão.
Recomenda-se que a gestante seja testada pelo menos em 3 momentos, no primeiro trimestre de gestação, no terceiro trimestre de gestação, e no momento do parto ou em casos de aborto. “O maior problema da sífilis é que, na maioria das vezes, as mulheres não sentem nada e só vão descobrir a doença após o exame”, explica a coordenadora do serviço.
Teste rápido O teste rápido de sífilis está disponível nos serviços de saúde do SUS, sendo prático e de fácil execução, com leitura do resultado em, no máximo, 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial. O teste rápido de sífilis é distribuído pelo Departamento das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais/Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde (DIAHV/SVS/MS), como parte da estratégia para ampliar a cobertura diagnóstica.
Sinais e sintomas Sífilis primária
• Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 a 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias.
• Normalmente não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha.
Sífilis secundária
• Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial.
• Pode ocorrer manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas em bactérias.
• Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas pelo corpo.
Sífilis latente – fase assintomática
• Não aparecem sinais ou sintomas.
• É dividida em sífilis latente recente (menos de dois anos de infecção) e sífilis latente tardia (mais de dois anos de infecção).
• A duração é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária.
Sífilis terciária
• Pode surgir de dois a 40 anos depois do início da infecção.
• Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.
Cuidados com a criança exposta à sífilis O principal cuidado à criança é a realização de um pré-natal de qualidade e o estabelecimento do tratamento adequado da gestante.
Todas as crianças expostas à sífilis de mães que não foram tratadas, ou receberam tratamento não adequado, são submetidas a diversas intervenções que incluem: coleta de amostras de sangue, avaliação neurológica (incluindo punção lombar), raio-X de osso longos, avaliação oftalmológica e audiológica. Muitas vezes há necessidade de internação hospitalar prolongada