A Santa Casa de Votuporanga realizou a segunda captação múltipla de órgãos do ano nesta quarta-feira (17/4). A família, em um ato de solidariedade e humanismo, autorizou a doação dos órgãos de uma paciente, que teve AVC hemorrágico.
O procedimento foi coordenado pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) da Instituição. Foram captados fígado, rins e córneas, transformando a perda de uma família em esperança de outras.
A coordenadora de enfermagem da CIHDOTT, Kelly Almeida, destacou que mesmo em um momento difícil de uma perda, os familiares tiveram a bondade de olhar em direção a outros seres humanos que sofrem na fila de espera por um transplante. “O diálogo entre os profissionais e os familiares é realizado de forma cuidadosa e humanizada, respeitando o momento de dor pela perda do ente querido. Conversamos sobre a possibilidade da captação dos órgãos e eles têm o direito de aceitar ou não. Então, se desejamos ser doadores temos que falar com nossa família que somos a favor do procedimento”, disse.
Ela explicou que a Comissão foi organizada com o objetivo de realizar a captação de múltiplos órgãos. “Na semana passada, captamos dois rins, um fígado e duas córneas de um paciente que teve diagnóstico de morte encefálica. Estamos muito entusiasmados com este serviço, os profissionais estão empenhados em reforçar a importância da doação”, complementou.
O serviço existe desde 2012 e já realizou 479 procedimentos (entre córneas e múltiplos órgãos), sendo que 36 somente neste ano. “Os critérios para doação de órgãos são bastante rigorosos e específicos, o Hospital precisa seguir normas/protocolos estabelecidos e as etapas necessárias para a efetivação do processo. Mesmo assim, conseguimos realizar captações graças ao trabalho de conscientização sobre a importância do diálogo, que é o diferencial para o aumento dos procedimentos”, disse a enfermeira.
O provedor da Santa Casa, Luiz Fernando Góes Liévana, enfatizou que quanto mais procedimentos acontecerem, um número maior de informação alcançará às pessoas e esse assunto passa a ser debatido em família. “Com o diagnóstico de morte encefálica evidenciado, a família do paciente, é quem pode realizar a autorização da captação. Com a informação divulgada, aumenta a chance de se ter um número maior de doadores. Nossa satisfação com cada captação é grande, pois em meio a toda burocracia existente, logística, há equipes que não medem esforços para estas ações. Mas nada disso seria possível se não fosse esse compromisso e a solidariedade das famílias”, falou.
Sobre a Comissão A Comissão está vinculada à Equipe da OPO-SJRP (Organização de Procura de Órgãos do Hospital de Base) que promove a ligação com a rede Nacional de Transplantes. O serviço da CIHDOTT oferece a chance de doar os órgãos e multiplicar o gesto, colaborando no ato da doação e também insere o Hospital no sistema nacional de transplante.
A CIHDOTT é formada pelos enfermeiros Bruno Henrique Chiqueto, Jéssica Eusebio Tonin Sakamoto, Vanessa Benacci da Silva; técnico de Enfermagem, Wilson Luis Poloni, a coordenadora de enfermagem Kelly Roberta Trindade Almeida e os médicos Dra. Ligia Maria Duarte Tellis; Dra. Natalia Acquaroni Gondim; Dr. Luiz Augusto Antunes Glover; e Dr. Wagner Moneda Telini.
Protocolo O Ministério da Saúde ressalta que hoje, pela legislação brasileira, a retirada de órgãos e tecidos de pessoas com morte encefálica comprovada só pode acontecer após a autorização da família. Por isso, quem tem interesse em doar órgãos deve manter a família avisada, diz o governo.
O passo principal para você se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte.