O Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO) da Fundação Faculdade Regional de Medicina de Rio Preto, Funfarme, que administra o Hospital de Base (HB), Hospital da Criança e Maternidade (HCM) e demais unidades do complexo, foi o centro de saúde que mais realizou transplantes do tipo alogênico, ou seja, quando as células do tecido vêm de um terceiro (doador) e são transplantadas no paciente. A outra modalidade acontece quando as células saudáveis da medula são tiradas do próprio paciente e reinfundidas nele, novamente, processo chamado de transplante autólogo.
Ao todo, em 2020, foram 158 procedimentos na Fundação, destes 126 foram do tipo alogênico e 32 feitos do paciente para ele próprio. Já no total, o complexo ficou apenas atrás do Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, interior de São Paulo, que realizou 169 (100 alogênicos e 69 autólogos), seguido do Real Hospital Português, em Pernambuco, com 163 (75 com doador e 88 do paciente).
O chefe do Serviço da TMO da Fundação, Dr. João Victor Piccolo Feliciano, atribuiu esta conquista ao aumento progressivo, nos últimos anos, da demanda e pela estruturação da equipe. “Muitos serviços importantes tiveram paradas temporárias e redução do número de leitos devido à pandemia, o que tornou a Funfarme um dos principais parceiros do Ministério da Saúde na regulação destes casos. Com adaptações nas rotinas e fluxos de atendimento, conseguimos manter funcionamento e a assistência, em nossa unidade, por completo em 2020. E, mesmo com a pandemia, oferecemos segurança para os pacientes, acompanhantes e colaboradores quanto à exposição ao novo coronavírus”, conclui o chefe da TMO.
O paciente João Paulo Enrique Vila, de 24 anos, teve a vida transformada há pouco menos de 7 meses, quando recebeu do pai, Luis Enrique Vila, a medula. “A esperança se renova neste momento. Agora, é só seguir em frente. Só tenho a agradecer pelo atendimento do HB, que é referência e me sinto totalmente acolhido aqui", agradeceu o paciente.
A modalidade de transplante feita em João Paulo, chamada de haploidêntica, vem mostrando-se uma alternativa muito eficiente para os pacientes que precisam do transplante para sobreviver. “Quando falamos deste tipo, estamos falando que doador e receptor têm 50% de compatibilidade. Este método, que já fundamentado na literatura médica, tem sido bastante usado em outros países e no Brasil e tem apresentado resultados eficazes. Temos pacientes totalmente curados de leucemia e/ou de linfoma de Hodgkin após passar por este tipo de transplante. Assim, a espera pelo procedimento diminui e muitas vidas são salvas”, explica Dr. João Victor Piccolo Feliciano.
Já o caso da paciente Maria Júlia Mariano Lopes, de 9 anos, conhecida por Majú, é um pouco diferente. Ela passou por um transplante, com 100% de compatibilidade, há 5 meses, e recebeu a medula do irmão. De lá para cá, tem feito visitas semanais ao Setor de TMO Pediátrico do HCM. Ela se diz muito feliz e agradecida a todos “tios e tias” que têm cuidado dela e diz que não tem medo de ir com frequência ao hospital, “porque tudo é muito seguro e limpinho”, relata Majú.