O Setembro Amarelo é a campanha que marca o mês dedicado à prevenção ao suicídio. No país, ela é uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Conselho Federal de Medicina. Neste ano, o tema é "Agir salva vidas".
O SanSaúde apoiainiciativa. E, para falar sobre a prevenção, nada melhor do que conversar com o médico psiquiatra Dr. Marco Aurelio da Mata Pancotti. Ele deu dicas de como identificar uma pessoa que precisa de ajuda, como auxiliar e quais doenças podem acarretar o suicídio.
Conversar sobre o temaA prevalência elevada de casos já é uma grande razão para falar sobre prevenção ao suicídio. Nós do SanSaúde acreditamos que conversar sobre o assunto diminui o estigma, aumenta a familiaridade de todos com sinais e comportamentos de risco, ajuda a construir uma sociedade mais consciente sobre esse problema e sobre as formas de apoiar pessoas que estejam passando pela situação. “O fato de ser um assunto delicado, não podemos transformá-lo em tabu. Pela falta de proximidade com o tema ou com o receio de incentivar comportamentos suicidas, colocando essa discussão em pauta, muitos preferem evitar falar. Porém, o silêncio pode criar ainda mais espaço de solidão para quem está em sofrimento”, sublinha o médico.
Como identificar o pedido de socorroDr. Marco Aurelio destaca que é necessário analisar mudanças de comportamento, comoisolamento social, reclusão e aumento do consumo de bebidas alcoólicas. “Pode-se observar a queda da produtividade e desempenho pessoais, alterações de sono e alimentação. São sinais que algo pode estar ocorrendo e a pessoa precisa de ajuda”, disse.
Outros sinais bastante observados são: sentir-se preso, sem razão para viver; ansioso e agitado, cheio de raiva ou com uma dor insuportável; dizer “adeus”, distribuir itens importantes ou fazer testamentos; ter atitudes arriscadas, como dirigir em alta velocidade; dormir demais, como fuga da realidade; ter pensamentos repetitivos e comer mais ou menos que o normal; apresentar alterações extremas de humor com desejo de permanecer isolado na maior parte do tempo; pensar nas formas de se matar; produzir autolesões ou envolver-se em outros comportamentos de risco e ouvir vozes de comando.
Como posso ajudar?Ele destacou a importância da escuta com empatia. Dar espaço para que as pessoas desabafem sobre seus sentimentos, sem críticas nem julgamentos, é um meio de ajudar a quem vê a morte como solução para problemas. “Ouça o indivíduo com respeito e procure um médico psiquiatra o quanto antes.”, adiantou.
Também é prudente não deixar o paciente sozinho, evitando que ele tenha acesso a armas, objetos cortantes, cordas, pesticidas, álcool e outras drogas. “É importante sempre incentivar a pessoa que está apresentando sinais de que pretende cometer suicídio a procurar ajuda especializada,Em alguns casos de maior risco, a pessoa deve ser levada a emergência para ser avaliada”, recomendou.
O profissional ressaltou que a terapia médica deve ser sempre aliada a terapia psicológica e orientações familiares.
Falando de saúde mentalFalar de suicídio é falar de saúde mental! Os especialistas identificam transtornos mentais na maior parte das pessoas que se suicidam ou tentam cometer suicídio, porém as causas são variadas. “Em sua maior parte dos casos, há um transtorno mental associado como depressão, esquizofrenia, transtorno de personalidade, depressão bipolar e transtorno por uso de substâncias (álcool ou drogas ilícitas). Porém, o suicídio pode acontecer de maneira impulsiva diante de situações impactantes e estressoras”, explicou.
Dr. Marco Aurelio frisou que o autocuidado não deve ser esquecido, especialmente na pandemia.“É fundamental fazer o que gosta como ver séries, ouvir música e praticar exercícios físicos. São cuidados que não devem ser abandonados. Estabelecer uma rotina para seus afazeres e respeitar suas necessidades de sono nos ajudam no equilíbrio emocional. E se precisar, procure um médico”, frisou.
PrevençãoA boa notícia é que existe prevenção, com diagnóstico e tratamento psiquiátrico “Há programas de prevenção, suporte social, que aliados à orientação de familiares contribuem para que o suicídio não aconteça”, finalizou.