O Dia Mundial do AVC, celebrado em 29 de outubro, é uma data dedicada à conscientização sobre o Acidente Vascular Cerebral, uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 15 milhões de pessoas no mundo sofrem um AVC a cada ano. Desses, aproximadamente 5 milhões morrem e outros 5 milhões ficam permanentemente incapacitados.
Somente em 2023, morreram 109.560 pessoas no Brasil por conta da doença, apontam dados do portal da transparência da Arpen (Associação de Registradores de Pessoas Naturais) o que equivale a 12 brasileiros por dia. A situação é alarmante no país: o AVC é a segunda principal causa de morte, atrás apenas das doenças cardíacas.
“A primeira coisa que devemos fazer ao suspeitar de um AVC é ligar para o SAMU no 192”, explica o neurologista e especialista em neurologia vascular, e neurorradiologia intervencionista da Santa Casa de Votuporanga, Dr. João Ricardo Leão. “Lembrando que o AVC não tem idade. Ele acontece comumente em pessoas mais velhas e com alto risco cardiovascular. Mas cerca de 60% ocorrem em pessoas com menos de 65 anos e que não têm esse perfil cardiovascular ", reforça.
O que é o AVC?O AVC ocorre quando o fornecimento de sangue a uma parte do cérebro é interrompido, seja por um bloqueio (AVC isquêmico) ou pela ruptura de um vaso sanguíneo (AVC hemorrágico).
“Quando o fluxo de sangue é cortado, as células cerebrais começam a morrer, o que pode levar a sequelas graves, como paralisia, perda da fala e comprometimento cognitivo, dependendo da área afetada”, explica o neurologista, que continua “é importante conhecermos o AVC, justamente para sabermos tratar o quanto antes e assim diminuir a chances de óbito e sequelas”.
Sinais de alerta
“Reconhecer os sintomas do AVC rapidamente é fundamental para salvar vidas”, conta o Dr. João. O médico ainda ensina o método SAMU (Sorriso, Abraço, Música, Urgência) ou FAST (Face, Arms, Speech, Time), em inglês, ajuda a identificar sinais precoces:
- Sorriso/Face: O rosto da pessoa pode ficar torto ou com um lado mais caído.
- Abraço/Braços: A pessoa pode sentir fraqueza ou incapacidade de levantar um dos braços.
- Música/Fala: A fala pode ficar arrastada, confusa ou difícil de entender.
- Urgência/Tempo: O tempo é crucial. Quanto mais rápido o atendimento, maiores as chances de recuperação.
“Você não precisa apresentar todos os sintomas para procurar atendimento médico. Um deles já é sinal de preocupação e você deve ligar para o SAMU no 192”, alerta o especialista.
Importância do atendimento rápidoQuando ocorre um AVC, cada minuto conta. O tratamento adequado nas primeiras horas pode minimizar os danos cerebrais e aumentar as chances de uma recuperação completa. “Nós temos uma máxima dentro da neurologia que fala ‘tempo é cérebro’, o quanto antes eu reconhecer esses sintomas e procurar tratamento, melhor ”, disse.
Existem algumas formas de tratamento, que consiste em desentupir um vaso cerebral que está comprometido. Uma das principais é a trombólise química, uma medicação injetável oferecida pela Santa Casa, que aplicada em até 4,5 horas após o AVC, traz benefícios exponenciais para o paciente.
“Já foi demonstrado, em vários estudos, o benefício dessa medicação que chega a aumentar em até 30% as chances do paciente não ficar incapacitado e de não desenvolver sequelas graves”, frisou Dr. João.
Fatores de risco e prevençãoHá diversos fatores que aumentam o risco de AVC, incluindo hipertensão, diabetes, colesterol alto, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool. “Existe um estudo que aponta que 90% dos casos de AVC podem ser prevenidos ao cuidar dos principais fatores de risco e adotando um estilo de vida saudável”, contou o médico.
Medidas preventivas incluem manter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos regularmente, controlar a pressão arterial e os níveis de açúcar no sangue, evitar o cigarro e o álcool em excesso e realizar check-ups médicos periódicos.
O neurologista ainda fez um apelo: “No Dia Mundial do AVC, precisamos acima de tudo que essas informações cheguem à população. Não basta a Santa Casa estar preparada, com profissionais treinados e medicação de ponta, se os pacientes não chegarem até lá”.