Pai que abusava de filhas é avô de três filhos em Fernandópolis
Pai que abusava de filhas é avô de três filhos em Fernandópolis
Publicado em: 25 de outubro de 2012 às 08:31
O aposentado Carlos, de 57 anos, morador de Fernandópolis e atualmente preso em Andradina, é pai de três de suas próprias netas. A comprovação de que a família dele foi construída sobre sucessivos estupros incestuosos foi feita pelo Núcleo de Biologia e Bioquímica, do Instituto de Criminalística da Capital, por meio de exame de DNA. O laudo foi entregue nesta semana à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Fernandópolis. Foram 25 anos de abusos sexuais cometidos por Carlos (os nomes são todos fictícios, para preservar a família) contra duas filhas, e em seguida contra as próprias netas. As investidas do aposentado só cessaram em outubro do ano passado, quando uma das netas, Manuela, 15 anos, relatou os abusos a uma enfermeira da Unidade Básica de Saúde (UBS) de Brasitânia, distrito de Fernandópolis onde a família reside, que, por sua vez, repassou o caso para a polícia. Curiosamente, dos quatro netos de Carlos ainda vivos (Adriele morreu logo após o nascimento, e não foi possível fazer o teste de DNA), apenas Manuela não é filha-neta dele. Os demais, Mírian, 21 anos, Marcela, 17, e Murilo, 8, são também filhos do aposentado. Marcela sofre de problemas mentais, consequência do incesto: segundo geneticistas, quando um pai tem um filho da própria filha, o risco de o bebê ter problemas neurológicos aumenta em 40%. Carlos foi denunciado à Justiça pelo crime de estupro de vulnerável - o Instituto Médico Legal (IML) já havia atestado a ruptura do hímen de Marcela e Manuela. Agora, o resultado do DNA será inserido no processo como mais uma prova contra o aposentado. Não há data para a sentença. Enquanto isso, o aposentado segue preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Andradina. Exame de insanidade solicitado pelo seu advogado de defesa, Bruno Miranda de Carvalho, comprovou que o réu não sofre de distúrbios mentais, e portanto é capaz de responder pelos seus atos. Histórico Os abusos começaram em 1987, quando Aline, filha de Carlos e mãe dos seus cinco netos, começou a ser abusada pelo pai aos 11 anos de idade. À polícia, Aline disse que “não ‘olhava’ seu pai ‘como um pai’, e sim como ‘homem, sentia atração física por ele, sentia desejo sexual”. Na mesma época, Carlos investiu também contra outra filha, Elaine, então com 13 anos. Mas, diferente da irmã, ela delatou o pai à polícia em 1992, e o aposentado foi denunciado à Justiça por estupro. Por falta de provas, acabou absolvido. E os abusos persistiram. Em depoimento à polícia, Aline havia dito que seus cinco filhos são de Carlos. Há vários anos ela dividia a mesma cama de Carlos - a mãe dela e mulher do aposentado, Zaíra, dormia em outro quarto e garantiu à polícia não saber de nada. Com o nascimento do caçula Murilo - também seu filho -, a libido de Carlos voltou-se às netas Marcela e Manuela. Os abusos duraram seis anos, segundo o Ministério Público, e começaram quando a mais nova, Manuela, tinha apenas 8 anos. Manuela, que desde que o escândalo veio à tona vive em uma casa-abrigo da cidade, não gosta de lembrar dessa época. Os abusos contra as duas ocorria dentro de casa, quando não havia mais ninguém, ou no meio de um canavial, quando Carlos levava as filhas-netas de carro até o psicólogo. Ela disse à polícia que não denunciou o aposentado antes porque todos na família dependem dele. “Ele não pode sair de casa porque todos precisam dele, só ele que entende as doenças que todos têm, os remédios e os médicos que tem que levar”, afirmou à polícia. Em entrevista ao Diário em março deste ano, Manuela disse ter saudade da mãe, mas não quer mais conviver com o avô. “Ele fez maldade comigo.” Já a mãe dela e filha de Carlos, Aline, afirmou ter saudade do pai. “Tenho muito carinho por ele. A gente ora muito para que ele volte para casa, porque a falta que ele faz é grande”, diz a filha, evangélica. Tanto ela quanto Zaíra, mulher de Carlos, juram que Carlos não abusou das netas-filhas. “Ele sofreu derrame e toma muito remédio. Não tem tesão, não tem ereção. Não dá conta de estuprar ninguém”, garantiu Zaíra. (Allan de Abreu- Diário da Região)
Clique aqui para receber as notícias gratuitamente em seu WhatsApp. Acesse o nosso canal e clique no "sininho" para se cadastrar!