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O 123º aniversário da Proclamação da República

O 123º aniversário da Proclamação da República

Publicado em: 14 de novembro de 2012 às 23:59



República Inclusiva do Brasil

Por Ovasco Roma Altimari Resende

O Brasil comemora neste ano seu 123º aniversário da Proclamação da República. Aparentemente pouca coisa mudou, mas isso está longedeser verdade. O Brasil que ingressou na era republicana não era nem sombra do País que temos hoje, mercê das profundas transformações ocorridas no planeta após duas grandes guerras e o advento de centenas de mudanças nos campos da tecnologia, ciência, educação e cultura. Mudar foi preciso e o Brasil mudou na esteira do mundo.

Talvez ainda seja cedo para falarmos de uma República Noética, nos moldes de uma sociedade sonhada por Teilhard de Chardin, com bases sólidas no respeito ao planeta Terra, na compreensão entre os indivíduos e na proteção à noosfera que, por conseguinte, cuidará de toda biosfera e seus viventes. A civilização noética está a caminho para erradicarmos o estado policial e implantar o conceito deEstado guardião da paz e a democracia direta que a informática finalmente coloca ao nosso alcance possibilitando investimentos na educação cidadã. Essa revolução pode ter início no Brasil e se espalhar pelo mundo.

Certamente já é hora de falarmos sobre uma República Inclusiva. Esqueçamos os ideais do passado para focarmos no Brasil do presente. OEstado republicano não acontece sem a inclusão social, educacional, cultural e política do nosso povo; nem avançará sem derrubar as barreiras sacralizadas da burocracia que rebaixa o ser humano ao nível de robô.

Uma nova civilização se aproxima. Darcy Ribeiro diria que esse novo processo civilizacional tem sua matriz nos ingredientes étnicos que formaram o Brasil e as demais nações da América Latina. Essa nova civilização tem o dever, como diz Marc Halévy, de extinguir o confisco da lei, decodificar o direito e devolvê-lo à sociedade civil, simplificando os procedimentos, parando de legislar sobre tudo e qualquer coisa, eliminar a imunidade do Estado e das instituições de poder e dos políticos (incluindomagistratura,polícia, partidos, sindicatos, etc.) de forma que prestem conta diretamente ao povo, abolindo a razão e os segredos de Estado.

Programar a entrada doPaís numa nova civilização é primordial. Há que se abrir espaços para discussões teóricas e verticais sobre os conceitos de uma sociedade pós-moderna a partir de pensadores como Jorge Wilheim, Manuel Castells, Edgard Morin, Carlos Roberto Jamil Cury, Ilya Prigogine, Ferdinand Braudel, Michel Foucault, Immanuel Wallerstein...

Biopoder ou biopotência, como defende Luiz Fuganti? O SUS para todos ou plano de saúde público-privado que a todos contemple? Investir em modelos curativos ou preventivos na área de saúde? Educação cognitiva ou salas de aula abarrotadas de robôs infantis que buscam na escola refúgio, comida e paz? Que plano de educação, saúde e cultura integrado com a família podemos contar na atual estrutura republicana?

O que temos? Talvez o filósofo polonês Bronislaw Baczko nos responda quando diz que “os sonhos e as esperanças sociais, frequentemente vagos e contraditórios, procuram cristalizar-se e andam em busca de uma linguagem e de modos de expressão que os tornem comunicáveis”.

Neste contexto entram os partidos políticos e os políticos. Têm eles autoridade para transformar a sociedade? Prefiro me aliar a Martin Luther King quando diz que “quase sempre minorias criativas e dedicadas transformam o mundo num lugar melhor”. Estamos prontos?

Está na hora de se instalar no Brasil a República Inclusiva, capaz de dar voz e vez à “ralé de quatro séculos”, como bem acentua o sociólogo Jessé Souza. Essa “ralé” é essa minoria que M.L. King endossa para mudar o Brasil para melhor? Ou ficamos com a elite dominante que há cinco séculos estrangulam e drenam os recursos daNação?

Antes de gritarmosvivasaos 123 anos de República precisamos refletir sobre que república estamos construindo no Brasil dentro do século 21.



(Ovasco Roma Altimari Resende

Presidente Nacional do Partido Republicano Progressista)



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