SAÚDE: descubra a diferença entre gastrite e refluxo
SAÚDE: descubra a diferença entre gastrite e refluxo
Publicado em: 16 de março de 2013 às 07:47
A gastrite é uma doença que atormenta muitas pessoas. Mas também causa uma grande confusão, já que, geralmente, é confundida com refluxo. Paulo Afonso Bianchini, chefe da equipe de cirurgia geral do Hospital San Paolo, em São Paulo, diz que existem dois tipos de gastrite: a aguda e a crônica. A aguda ocorre depois de ingerir alimentos agressivos para a mucosa gástrica, bebicas gaseificadas, alcoólicas, nervosismo, sendo de ocorrência recente. Já a gastrite crônica tem perÃodos de remissão. “A gastrite pode ser identificada como um desconforto na região epigástrica ou periumbilical, ocorrendo devido a uma inflamação na mucosa do estômagoâ€, explica. O médico Gilberto Borges de Brito, professor adjunto do Departamento de Cirurgia da Famerp e chefe do Serviço de Estômago, Esôfago e Cirurgia Bariátrica do HB-Funfarme, em Rio Preto, diz que a gastrite crônica é uma inflamação e não tem nada a ver com gases. Essa inflamação afeta a mucosa do estômago e é causada geralmente pela bactéria Helicobacter pylori, que infecta a mucosa do estômago e ali sobrevive por décadas, não sendo eliminada pelas próprias defesas do organismo. A única forma de eliminar a bactéria é por meio de antibiótico especÃfico. Ele afirma que 70% da população brasileira está infectada por esta bactéria. A azia, definida também como queimação retroesternal, ou seja, da “boca do estômago†para a região central do tórax, é um sintoma atribuÃdo à gastrite, mas não é, segundo Brito. “A azia não é sintoma de gastrite. É o sintoma mais comum e tÃpico da doença do refluxo gastroesofagiano. A doença do refluxo, então frequentemente confundida com gastrite, nem é uma doença do estômago e sim do esôfago, em cuja extremidade distal existe uma válvula, que, funcionando mal, ou seja, ficando aberta, permite que o suco gástrico saia do estômago e suba esôfago acima. Isso é a doença do refluxoâ€, explica. O especialista ressalta que alimentos gordurosos e oleosos,condimentados, mal-mastigados não causam gastrite crônica e nem gastropatias agudas. “Alimentos gordurosos e oleosos liberam hormônios intestinais, que relaxam a válvula no fim do esôfago, facilitando a ocorrência de refluxos gastroesofagianos. Bebidas alcoólicas fermentadas, lÃquidos contendocafeÃna estimulam o estômago a produzir um volume maior de suco gástrico, o que também facilita a ocorrência de refluxos. Para a doença do refluxo são úteis orientações dietéticas, como evitar alimentos pesados (oleosos e gordurosos), cervejas e vinhos, refrigerantes, chás, energéticos, porque contêm cafeÃna.â€De acordo com o médico, a gastrite crônica, que é causada pela bactéria, raramente causa sintomas. Já as gastrites agudas, também chamadas de gastropatias agudas, são mais sintomáticas, tendo como sintomas a dor no epigástrio (boca do estômago), geralmente do tipo queimação, náuseas e vômitos. “Suas causas mais comuns são bebidas alcoólicas, os anti-inflamatórios, que não devem ser confundidos com antibióticos, estresses orgânicos severos, como por exemplo politraumas, infecções graves, hemorragias que levam ao choque hipo-volêmico, queimaduras extensas e refluxo de bile para dentro do estômagoâ€, diz. Segundo Bianchini, alguns alimentos podem piorar o quadro clÃnico da gastrite, como frutas ácidas (limão, abacaxi, laranja), alimentos gordurosos de difÃcil digestão, bebidas alcoólicas, refrigerantes e café. “Esses alimentos e lÃquidos vão agredir diretamente a mucosa do estômago e, em um paciente com gastrite, o efeito será mais intenso. Lembrar que o leite não é um bom alimento para quem tem gastrite, apesar da lenda que ele os beneficiaâ€, diz. Já alimentos ricos em carboidrato, como batata cozida, arroz, bolacha salgada, alguns tipos de pães, frutas pouco ácidas, podem provocar um certo alÃvio nos sintomas, segundo o médico do Hospital San Paolo. Gastrite nervosa A gastrite nervosa é outra doença psicossomática, que causa muitos sintomas. Atualmente, é chamada de dispepsia funcional. Gilberto Borges de Brito explica que a dispepsia funcional implica na existência de sintomas, sem que qualquer dos exames disponÃveis hoje detecte qualquer doença e/ou alteração. “Na dispepsia funcional, o indivÃduo pode ter dor no epigástrio, como se tivesse uma úlcera no estômago, sem que de fato a tenha. A dispepsia funcional pode produzir sintomas como má digestão, que significa que o alimento fica um tempo maior dentro do estômago ou, em outras palavras, o esvaziamento do conteúdo do estômago para o intestino delgado se faz de maneira lenta. Os sintomas da dispepsia funcional correlacionam-se frequentemente com alterações psico-emocionais ou estresse psicológicoâ€, diz. Diagnóstico e tratamento O diagnóstico da gastrite aguda é baseado na história clÃnica e os exames podem ser evitados, retirando então o agente agressor, segundo Roberto Luiz Kaiser Junior, cirurgião gastroenterologista. A gastrite crônica é identificada por meio de exames de imagem, como endoscopia ou a cápsula endoscópica. “Pode ser confirmada por meio de biópsias do estômago e estudo anátomo-patológico. Deve sempre ser pesquisada a presença da bactéria Helicobacter pylori e a erradicação dessa bactéria pode evitar a progressão dos sintomas. O tratamento baseia-se em medicamentos que diminuam a produção de ácido do estômago e, com isso, proporcione uma recuperação da inflamação da mucosa e uma regeneração da barreira de proteção contra o ácidoâ€, explica Kaiser Junior. É importante evitar os alimentos que podem piorar o quadro clÃnico da gastrite e priorizar os que ajudam a proteger o estômago. A recomendação do médico é que não fique mais do que quatro horas sem se alimentar. “Ficar muito tempo sem comer vai aumentando a quantidade de ácido no estômago e, associado ao estresse, que também produz ácido, pode acelerar o processo de irritação do estômago. Quando nos alimentamos, a comida se mistura com o ácido e leva-o embora para o intestino.â€O tratamento, segundo Paulo Afonso Bianchini, deve ser feito com alimentação saudável e atividade fÃsica. “Muitas vezes utilizamos medicamentos que inibem a acidez gástrica e, hoje em dia, os mais utilizados são os inibidores da bomba de próton, destacando o omeprazol, pantoprazol, esomeprazol e lanzoprazolâ€, explica. Kaiser Junior ressalta que o tratamento do estômago não é definitivo. Com o tempo, se a pessoa continuar com os fatores agressores ao estômago, os sintomas vão voltar e requerem todo esse processo de melhora de novo. “Aconselhamos que façam o tratamento e tenham uma boa alimentação para que fiquem bons por muito tempo.†(Jéssica Reis - Diário da Região)
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