Morre menino baleado na cabeça pela própria mãe em Mirassol
Morre menino baleado na cabeça pela própria mãe em Mirassol
Publicado em: 25 de abril de 2013 às 11:29
O pai Marcelo de Paula Del Maschio tentou, mas não conseguiu falar sobre o filho. “Meu filho era...â€, e desabou em choro. “...Ele era demaisâ€. O menino Enzo Del Maschio morreu na madrugada de ontem, um dia após ter sido baleado na cabeça pela própria mãe. Filho mais novo de Marcelo, Enzo, de 7 anos, era uma criança que chamava a atenção. Não pelas travessuras ou temperamento difÃcil, tão comuns nessa idade, mas pela educação, pela energia que saltava pelas pernas que nunca paravam de correr e pelo carinho que ele tinha com as pessoas à volta. Em relatos chorosos, essa foi a descrição feita por professores, diretores, amigos e familiares do pequeno durante o seu velório na tarde de ontem, em Mirassol. O pai Marcelo foi amparado por amigos e não pôde enterrar Enzo, pois seu outro filho, Marcelinho, de 11 anos, precisava de compania. Ele está internado no Hospital de Base de Rio Preto, fora de perigo. Marcelinho e Enzo foram baleados pela própria mãe, Fabiana Cristina Dal Bianco Del Maschio, 40 anos, na noite de segunda-feira, na casa onde viviam em Mirassol. Após disparar contra os filhos, mirando na cabeça, a mulher atirou no próprio peito e morreu. Enzo e Marcelo foram internados no HB, onde o mais novo morreu na madrugada de ontem, após passar por três cirurgias. A bala atingiu sua cabeça e ficou alojada no cérebro. No velório, as muitas crianças que compareceram para uma última homenagem ao amigo, reforçavam a tristeza. Algumas, da idade de Enzo, sem entender muito bem o que estava acontecendo. Outras já maiorzinhas, amigas de Marcelinho, ainda que cientes dos fatos, não conseguiam compreendê-los. “Eu fui na casa deles outro dia. Era super legal, cheia de brinquedos, tinha piscina e a mãe deles era muito carinhosa. É normal isso?â€, perguntou um deles, de 12 anos. Quem convivia com os irmãos garante que eles eram grandes amigos. “Quando acabava a aula e o Enzo encontrava o irmão, dava um abraço tão forte que dava para sentir. Sabe quando a gente se sente abraçado também?â€. Conta um colega de Marcelo, de 12 anos. “No recreio, o Enzo passava perto do Marcelo e falava ‘eu te amo’. Era sempre assimâ€, completa. Na segunda-feira, os dois chegaram mais cedo na Copen de Mirassol, onde estudavam, foram até a cantina e o mais velho comprou fichas para o lanche dos dois. Depois, foram para a aula. “Eles eram assim: inseparáveis. Cuidavam um do outro. O Enzo era um menino de ouroâ€, conta a diretora da escola, Regilene Aparecida dos Santos. No mesmo dia, Enzo teve uma prova de português e se saiu bem, como sempre. “Ele era bom aluno, não tinha dificuldades em aprenderâ€, conta a professora Marcela Bruno. Mas o que o pequeno mais gostava, garantem amigos e professores, era da aula de Educação FÃsica. “Ele participou de tudo o que eu dei nesses primeiros meses. Era muito ativoâ€, relembra o professor Luiz Carmona Vacari. Enzo era do tipo de criança que, na hora do intervalo, comia o lanche com pressa para brincar, correr. “Mas sem dar trabalho. Nem dentro e nem fora de aulaâ€, garante o inspetor de alunos Reginaldo dos Santos. A mãe buscou os filhos no horário, como de costume. “Ninguém imaginava que pouco tempo depois iria acontecer uma coisa dessasâ€, se inconforma a diretora. Na manhã de ontem, um choro compulsivo tomou conta dos alunos da Copen. “Quando a professora contou o que tinha acontecido, todo mundo chorou. Fizemos uma oração por ele. Foi muito tristeâ€, contou um deles, 9 anos. Na parte da tarde, a escola fechou as portas, em luto. “Só vamos retomar amanhã e as crianças da sala do Enzo e do Marcelo terão apoio psicológico, para entender tudo. Se é que é possÃvel entenderâ€, nas palavras da diretora. Enzo foi enterrado na tarde de ontem, no cemitério municipal de Mirassol. O delegado responsável pelo caso, Júlio César Bueno Valle, confirmou na tarde de ontem que Marcelo, que estava separado havia menos de um ano de Fabiana, irá responder por posse irregular de arma de fogo. A arma usada pela dona de casa, uma pistola 635, era do ex. “Ele contou que recebeu a arma em troca de um pagamento sete anos atrásâ€. A pistola ficava guardada na oficina de Marcelo e o delegado afirma que Fabiana esteve lá cerca de meia hora antes da tragédia. Fabiana e Marcelo se casaram quando ela tinha apenas 13 anos, de acordo com relatos de familiares. Valle diz que a mulher estava em depressão. (Daniela Penha - Diário da Região)
Clique aqui para receber as notícias gratuitamente em seu WhatsApp. Acesse o nosso canal e clique no "sininho" para se cadastrar!