Paumolecência e outros problemas sexuais são temas na região
Paumolecência e outros problemas sexuais são temas na região
Publicado em: 11 de abril de 2013 às 18:18
Eles sofrem calados por disfunção erétil, enquanto elas não sabem a quem se queixar pela falta de libido. Recente levantamento feito pelo Hospital das Clínicas (HC), de São Paulo, aponta que 65% das mulheres que procuram o Ambulatório de Sexualidade da Ginecologia o fazem por falta de libido.
Em média, são atendidas de 150 a 200 pacientes no serviço. Além disso, outras 23% sofrem de anorgasmia (ausência de orgasmo) e 13% se queixam de “vaginismo” (contração involuntária de músculos próximos da vagina).
De acordo com a sexóloga Elsa Gay, que atende essas mulheres, elas só procuram o serviço em busca de medicamento. “Elas querem uma formula mágica para o problema, cuja prevalência independe da idade e do extrato social”, diz. Para abordar este e outros assuntos relativos à sexualidade humana acontece na Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), no dia 27 deste mês, a 3ª Jornada de Sexualidade, com a presença de profissionais de diferentes áreas para abordar o tema.
De acordo com a presidente do evento, a psicóloga Maria Jaqueline C. Pinto, professora da Famerp, que vai ministrar a conferência “Educar para o amor”, é preciso mais atenção com essa população que sofre em silêncio problemas que podem ser solucionados, muitas vezes, só com informação.
A sexualidade humana também é tema do livro “Sexualidade sem fronteiras” (MG Editores), recém lançado pelo psicoterapeuta Flávio Gikovate, de São Paulo, cujo conteúdo parte da revolução sexual ocorrida entre o século 20 e 21 - marcado pela vaidade e consumo, na visão do escritor - até a recentes discussões envolvendo a opção sexual, e como isso acaba se refletindo na qualidade do sexo entre as pessoas.
”A preocupação com o desempenho sexual, o número de relações por semana, a quantidade de orgasmos, a competência, a exuberância, o jogo de poder da sedução, em rotular quem é hétero e quem é homo pauta a vida da maioria das pessoas”, afirma Gikovate. Para o escritor, que é também psiquiatra, a melhor forma de se viver a sexualidade em sua plenitude é entender que o caráter lúdico do erotismo desvincula o sexo do compromisso social.
“Esse é o clima que deve prevalecer nas relações sexuais”, diz. Para Gikovate, se cada um escolher e vivenciar os tipos de carícia - consentida - que mais lhe agradam, se for livre para (re)direcionar seus interesses eróticos, as chances dos rótulos desaparecerem são muito maiores.
“Minha proposta é de um mundo sem preconceitos (não só os de natureza sexual), no qual o sexo fosse verdadeiramente lúdico. Isso significaria tratá-lo como uma brincadeira, em que não cabem cobranças, preocupações com o desempenho ou medo de fracasso, e na qual podemos considerar que tudo que é de consentimento recíproco é também legítimo”, diz.
Terapeuta sexual renomada, a norte-americana Sandra R. Leiblum, que foi por muitos anos professora de psiquiatria e ginecologia/obstetrícia e hoje é diretora de Serviços Psicológicos e de Bem-Estar Sexual em Bedminster, em Nova Jersey, explica que há muitas doenças que são reflexo de uma vida sexual mal resolvida.
Ela é especialista em aconselhar mulheres na menopausa e com disfunção função sexual tanto feminina quanto masculina. E reconhece que há casos em que o uso de fármacos pode sim ajudar na questão da sexualidade, mas é preciso ir além. Também aborda em seus livros o impacto da internet sobre as relações do casal.
‘A sexualidade é ampla’, destaca psicóloga
Acompanhe entrevista realizada com a psicóloga Maria Jaqueline Pinto, de Rio Preto que esclarece algumas dúvidas comuns a respeito de sexualidade.
Diário da Região - Qual a importância da abordagem da sexualidade junto à população?
Jaqueline Pinto - Levar o esclarecimento de que a sexualidade é ampla, não só está presente no aspecto reprodutivo, mas nos valores relacionais e sócio-culturais. Reconhecer e respeitar pessoas com valores e expressões diferentes; exercer a cidadania desenvolvendo posicionamento claro em relação às questões sexuais.
Diário - De que forma elas buscam informações sobre o assunto?
Jaqueline - Recebemos o tempo todo informações, seja em casa, com a postura e opiniões de pais e filhos, seja por meio da mídia, assistindo a programas na televisão, lendo revistas e jornais, navegando na internet, mas na maioria das vezes tratada informalmente, por dificuldades de lidar com o assunto.
Diário - Qual o maior problema que costuma afetar a vida dos adultos quando o assunto é sexo?
Jaqueline - A falta de informação a respeito da sexualidade, os relacionamentos hoje descompromissados e descartáveis, que remetem à insegurança, o estresse do dia a dia, a falta do diálogo, etc.
Diário - Existem algumas doenças que são associadas à falta de conhecimento no campo da sexualidade?
Jaqueline - Desde influências negativas e conceitos errôneos dos aspectos sócio-culturais, a falta do conhecimento do próprio corpo, até doenças como a endometriose, diabetes, infecções ginecológicas e efeitos das drogas na sexualidade, como os antidepressivos.
Diário- Como ajudar no esclarecimento e maior participação popular no debate sobre sexualidade?
Jaqueline - Além da formação de profissionais para atuarem com a abordagem da sexualidade na área da saúde e educação, criar espaços junto à comunidade num trabalho de extensão para o debate e reflexão do assunto, em escolas, com os jovens, e capacitação de professores para que tenham uma preparo para lidar com as questões inerentes à sexualidade.
(Cecília Dionizio – Diário da Região)
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