Cidades estão sem vagas para enterrar mortos na região
Cidades estão sem vagas para enterrar mortos na região
Publicado em: 28 de maio de 2013 às 11:27
O sonho de consumo dos prefeitos de pelo menos dez cidades da região é que a população tenha vida longa, porque não cabe mais mortos nos cemitérios municipais. Levantamento feito pela reportagem do Diário mostra que os casos mais graves são em Cajobi e Uchôa (sem vagas), Nipoã (com apenas 6), Mirassol (com 8) e Ubarana (10). As sepulturas restantes estarão totalmente ocupadas no prazo máximo de três meses. Em Cajobi, na região de OlÃmpia, sem qualquer espaço para novas covas, a única alternativa encontrada pela prefeitura foi violar o projeto arquitetônico do cemitério. “Só tÃnhamos um jeito: abrir covas novas no meio das ruas internas e entre os túmulosâ€, disse o prefeito, Márcio Donizete Barbareli, o Italiano. Foi graças ao jeitinho brasileiro do administrador público que o colhedor de laranja Jodarci Caderlei, 50 anos, conseguiu enterrar a sogra, Maria Helena Fermino Francisco, há 15 dias. “Tentei comprar uma carneira com duas vagas, mas não tinha. Só conseguimos esse lugar apertado (entre dois túmulos)â€, afirmou. Para enterrar o corpo da mulher, os funcionários do cemitério tiveram de remover os restos mortais de uma outra pessoa que havia anos estava enterrada ali, revelando que o problema de espaço já é antigo no único cemitério do municÃpio. O coveiro Alcides Panparini Júnior, conhecido como Tiba, responsável pelos enterros, faz o que pode para encontrar espaço para novos corpos. O coveiro estima que em média são realizados dois enterros por mês. “A tarefa está cada vez mais difÃcil. Estamos construindo onde dá.†O prefeito Italiano diz que já tem uma área ao lado do cemitério para ampliação, mas que precisa vencer os trâmites burocrático para dar inÃcio à s obras. “Enquanto isso não acontece, estamos rezando para as pessoas demorarem a morrerâ€, diz. Segundo o coveiro, os restos mortais de jazigos temporários são constantemente removidos para dar lugar a outros sepultamentos. O prazo mÃnimo é de quatro anos para a retirada dos ossos. Jodarci disse ter ficado constrangido por não poder oferecer um túmulo espaçoso para a sogra.“Queria que a última morada dela fosse decente. Ela sempre foi muito boa para nós e merecia essa homenagemâ€. Agora, como forma de compensar a área espremida, ele pretende colocar mármore para embelezar a última morada da mulher. Últimas vagas O filho da aposentada Helena Alves Rodrigues ocupa um dos últimos espaços do cemitério de Mirassol. Reginaldo Alves Rodrigues, 36 anos, morreu há um mês e agora só restam mais sete vagas para novos enterros. “Infelizmente tive que enterrar meu filho. Coisa que mãe nenhuma quer fazer. Mas, pelo menos ainda tinha espaço pra ele aquiâ€, afirma a idosa enquanto joga uma flor. Em Mirassol, nem adianta tentar comprar um jazigo com antecedência. Com apenas oito vagas, a prefeitura interrompeu as vendas antecipadas de túmulos para evitar que os mortos fiquem desalojados. A ampliação do terreno já foi feita e, para acomodar mais defuntos, a arquitetura dos túmulos foi modificada. As carneiras são todas iguais e não é permitida a construção de túmulos. Ficam apenas o gramado e uma lápide com o nome e a foto do falecido. De acordo com a administradora do cemitério, Simone Cristina de Souza, a cidade registra uma média de 20 óbitos naturais por mês. Ela acredita que a quantidade de vagas remanescentes ainda vai para mais um mês. “Ninguém vai ficar sem vaga. Até completar essas vagas, já teremos a nova área pronta com novas carneiras que estão em construçãoâ€, afirma. A situação também é difÃcil em Nipoã. O prefeito Luciano Scalon teve que fazer mudanças no cemitério para acomodar mais túmulos. “No começo do mês ficamos assustados quando o coveiro disse que só tinha mais uma vaga. Então eu mandei tirar o depósito de materiais de lá e trocar o lugar do banheiro. Agora estamos com seis vagasâ€, afirma ele, que torce para que ninguém fique sem um lugar após a partida. Em Uchôa, a situação é curiosa. As 100 vagas restantes já foram vendidas antecipadamente. Se morrer alguém que não tenha jazigo, o municÃpio não tem onde enterrar. A contagem regressiva já começou em Nova Granada. São apenas 35 espaços disponÃveis. População pode ficar ‘tranquila’ A prefeita de Nova Granada, Ana Célia Arroyo Salvador, a Celinha, afirmou que já comprou uma nova área e que deve ampliar em 700 vagas a capacidade do cemitério assim que o terreno for ampliado. Atualmente, restam 35 vagas. “Já estamos trabalhando para resolver esse problema. A população pode ficar tranquilaâ€, diz Celinha. Pindorama Apesar de não ter informado a quantidade de vagas remanescentes, o prefeito de Pindorama, Nelson Trabuco, também enfrenta o mesmo problema. Mas ele afirma que já tem um projeto em mãos para demolir o velório municipal e ampliar a quantidade de vagas. “Já temos o projeto pronto e agora estamos buscando recursos necessários para fazer as obrasâ€, afirmou. (Victor Augusto – Diário da Região)
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