O encantamento de cores e beleza das flores cultivadas na região

Na zona rural de Rio Preto, elas são cultivadas, tomam forma e ficam prontas para ornamentar, presentear ou fazer a alegria de apaixonados colecionadores. Quem passa pelo loteamento São Miguel Arcanjo, sentido Vila Azul, não imagina que, no interior de 18 estufas, 800 mil orquídeas, uma das plantas mais requintadas, delicadas e coloridas, são cultivadas com paciência, zelo e dedicação. Seu crescimento é um verdadeiro ritual, que pode demorar até seis anos, depende da espécie. É pensado de forma milimétrica e até minimalista no Orquidário Rio Preto. O processo inclui polenização manual, melhoramento da semente em laboratório e desenvolvimento em três vasos diferentes. Sem o mais fino rigor no preparo, ela não vinga. Apesar da robusta quantidade, cada unidade recebe atenção especial e tratamento diferenciado. Na chácara, 18 funcionários se desdobram para dar atenção para 250 espécies - no planeta, são 35 mil. Mas o resultado do trabalho é valioso. Não só pela questão financeira, mas por produzir algo que vai estar presente sobretudo em momentos felizes. No viveiro, milhares de exemplares ficam posicionados lado a lado, em extensas bancadas. Até chegar o momento de saída, passam por vários setores e etapas, sempre com acompanhamento especializado. Cada parada pode levar mais de um ano. A produção não é guiada pelo financeiro, mas por minúcias, segredos e detalhes da natureza. Ao deter o olhar, é possível verificar diferenças. O ambiente tem mistura de cheiros, cores e modelos. A combinação tem o poder de despachar para longe qualquer sentimento que reverbere agitação, correria e caos. Nada lembra a área central, o trânsito e o eterno caminhar de pedestres nas principais avenidas. Concreto e a gasolina dão lugar à água e sol. Os elementos são bem-vindos para construir a orquídea, desde que com parcimônia. Em excesso, ao invés de colaborar no desenvolvimento, favorece a morte precoce. Os raios solares são freados por telas. A água é distribuída com cuidado. Nesse período, nenhuma atitude pode ocorrer com antecedência ou atraso. A exatidão é fundamental para levá-la, em melhor estado, às mãos mais exigentes, ou seja, de quem vê na orquídea muito mais do que uma planta para decorar o fundo da casa ou oferecer colorido à sala de estar. Para seus criadores, os orquidófilos, tê-la é um hobby, momento de prazer, tempo de se desligar do mundo. Não ligam nem desanimam com as exigências para mantê-la. Na realidade, ficam encantados e não economizam tempo para estudar características e variedades. As mais populares no Brasil são a Denfal, Cattleya e Phalaenopsis. São vendidas entre R$ 20 e R$ 70 nos pontos comerciais. Mas existe campo para outros tantos modelos, com flores mais chamativas, cores vibrantes, formatos diferentes e tamanhos variados. Para quem realmente gosta, não existe limite. Todos os anos, o Orquidário Rio Preto negocia 300 mil unidades para todo o Brasil. Depois, elas são revendidas para Estados Unidos, Japão e Alemanha. Uma das peculiaridades mais marcantes da orquídea é a florada. A abertura das flores geralmente ocorre uma vez por ano. Dura entre 20 dias e três meses. O momento sublime é fugaz, mas ninguém desanima. No restante do ano, cuidam com carinho da planta, muitas vezes sem esconder a ansiedade, para que tudo se repita o mais rápido possível e com a mesma beleza. (Raul Marques - Diário da Região)