A Polícia Militar de Votuporanga cumpriu ontem (17) um mandado de prisão contra um conhecido professor de música do município.I.F.S., de 55 anos, foi condenado em todas as instâncias a20 anos de prisãopor abusar sexualmente de uma aluna de apenas 13 anos de idade durante as aulas. O processo, por envolver menor, tramita em segredo de justiça.
De acordo com a denúncia, os abusos foram descobertos pelos irmãos da vítima, que notaram um comportamento estranho da menina. Uma das irmãs, que divide o quarto com a garota, percebeu que ela ficava até tarde no celular, especificamente no WhatsApp, e a questionou sobre com quem conversava após a meia-noite. A menina respondeu que era com o professor de música.
Desconfiados, os irmãos pegaram o celular da garota sem que ela percebesse e acessaram o WhatsApp Web. Lá, encontraram uma série de mensagens inapropriadas entre o professor e a aluna. Em uma das conversas, conforme a denúncia, o acusado teria perguntado sobre a roupa íntima da menina, qual sentimento ela tinha por ele (se sexual ou afetivo), e fez comentários como “Hoje sentou na minha perna. Não lembra?”, após o último dia de aula.
O Impacto na Vítima e a Confissão
Após descobrir as mensagens, a mãe questionou a filha, que afirmou estar se sentindo incomodada, mas nunca havia falado sobre os abusos por medo de ser impedida de frequentar as aulas de música. Um boletim de ocorrência foi então registrado, dando início às investigações.
Em juízo, a mãe da vítima relatou que a menina havia perdido a alegria, passou a dormir tarde e, após ser questionada, contou que o professor mordia e chupava seu pescoço, pedia para beijar na boca, beijava o nariz, passava a mão na nádega e a sentava no colo.
Em razão dos fatos, a vítima mudou muito, desenvolvendo crises de ansiedade e pânico, e tendo dificuldades para ir à escola. De excelente aluna com notas altas, passou a ter desempenho ruim, vida social prejudicada e dificuldade para se relacionar.
A Condenação e a Sentença
À polícia, o professor negou as acusações, alegando que as mensagens não tinham interesse sexual e que eram apenas para ajudar a vítima, que, segundo ele, tinha ideais suicidas. Na frente do juiz, contudo, ao ser questionado sobre mensagens específicas, ele mudou a versão e disse que a vítima era apaixonada por ele e que ele “resistia à beleza da jovem”.
Em primeira instância, o caso foi julgado pelo juiz da 2ª Vara Criminal e da Infância e Juventude de Votuporanga,Vinicius Castrequini Bufulin, que condenou o acusado a mais de 23 anos de prisão. Em sua sentença, o magistrado afirmou que as versões do acusado são incompatíveis com as mensagens trocadas com a aluna.
“Não se pratica abuso sexual ou se mantém diálogos de conteúdo sexual com uma jovem para ajudá-la. Não precisa ser perito em psicologia para saber que as vítimas de abuso sexual levam traumas para o resto da vida. Aliás, o pedófilo não se importa com a vítima, assim como o criminoso não se importa com o bem jurídico lesado por sua conduta. Ajudar a vítima é o oposto do que o criminoso faz. As versões do réu são incompatíveis com as mensagens e com a versão da vítima e não há dúvida que esta não tinha e não tem o menor interesse em prejudicar aquele”, complementou o juiz em sua sentença.
O professor também foi condenado a pagar uma indenização mínima deR$ 100 milà vítima por danos morais. O acusado recorreu da sentença às instâncias superiores, e a pena foi reduzida para 20 anos de prisão por estupro de vulnerável. No último dia 15, o mandado de prisão definitivo foi expedido e cumprido na manhã desta quinta-feira (17).
(Jornal A Cidade)