O uso desse procedimento bucal não está presente apenas na televisão, dentro da população brasileira a realização dos laminados também cresceu. Um estudo realizado pelo instituto Insight Partners revela que durante o ano de 2021 o mercado de lentes dentais faturou cerca de US $1,55 bilhões e projeta para 2028 um número perto de US $2,30 bilhões.
Todo esse crescimento foi construído de maneira recente. Na década de 1920, quando, ainda sem o nome de “lente de contato”, começou a ser utilizado entre atores e atrizes em filmes de Hollywood e com o passar do tempo e inovações tecnológicas na área da prótese, virou tendência no ramo da estética e hoje é quase uma unanimidade entre as figuras públicas.
Sobre essa popularização das lentes, a Dra Karina Moreno, especialista em prótese e estética dentária, explica: "a partir da década de 80 o procedimento começou a se popularizar pois novos materiais mais resistentes surgiram no mercado odontológico, fazendo com que fosse possível fazer lâminas mais finas porém resistentes; com isso, surgiu a nomenclatura de lente de contato.
Outro fator importante para a consolidação desse processo foi a frequência cada vez maior de seu uso na mídia, o que pode trazer consequências negativas quando não indicado corretamente. Por mais fina que seja, um mínimo de desgaste ainda precisará ser feito para poder realizá-las, e dependendo do paciente isso não é indicado.
Sobre a realização dessa prática, existem dois tipos de lentes dentárias, a prótese de porcelana e a de resina. A lente de contato de resina tem um custo mais barato, embora sua durabilidade possa ser menor por absorver corantes de alimentos e bebidas, podendo escurecer, além de ser menos resistente, podendo sofrer fraturas. É importante dizer que existem diferentes tipos de resinas e que a duração de brilho, polimento, resistência e estabilidade de cor varia de acordo com elas.
Outro tipo de lente é a de porcelana, Karina revela que hoje existem impressoras capazes de replicar o exato desenho gráfico da lâmina em blocos de cerâmica, o que além de otimizar o processo também minimiza erros de fabricação e assim possibilita a criação de uma prótese mais estética e segura. Esse material possui um custo mais elevado porém garante uma duração bem maior, além de não absorver fluidos bucais, o que faz com que sua cor não mude com o passar dos anos. Apesar da duração longa é necessário que o paciente retorne ao consultório do profissional pelo menos uma vez ao ano para realizar a limpeza dentária e se necessário uma manutenção.
A presença da tecnologia no mercado possibilitou um aumento considerável de alternativas para esse tipo de procedimento, "com o advento dessas cerâmicas muito mais resistentes, conseguimos diminuir a espessura delas, então quando falam que lente de contato é algo recente, é sobre essa evolução" e ainda completa: "lentes nada mais são do que facetas muito finas, facetas essas que já existem desde a década de 20".
Ao mesmo tempo que o surgimento de materiais novos possibilitou a popularização, ao baratear o preço das lentes, também levantou o debate dos excessos, em especial com a lente dentária de resina. A doutora alerta sobre o cuidado com os preços muito baixos “as resinas que utilizamos para lente de contato são especiais, essas que são muito baratas são feitas com resinas comuns, o que não é recomendado”. Esse uso de resina inadequada pode acarretar em problemas de durabilidade, fazendo com que o paciente seja obrigado a voltar ao consultório alguns meses depois, já que, o material perde o brilho rapidamente e a estabilidade estrutural, além disso, pode manchar mais rápido. Outro risco está na própria saúde bucal da pessoa, pois cada vez que precisamos refazer as lentes, a sensibilidade do dente é extremamente afetada pelo desgaste causado pelo procedimento.
Dra Karina afirma que em alguns casos a sensibilidade foi tão grande que houve a necessidade de fazer canal, a profissional ainda completa “é importante que o paciente mantenha a naturalidade, não fazendo lentes extremamente claras, que dão aspecto de não serem reais”, ao criticar os excessos que o mercado oferece.
Sobre a Dra Karina: é formada na Universidade de São Paulo (USP) em odontologia, especializada em próteses e estética dentária. Além disso, é especialista em harmonização orofacial. Trabalha na área há quase 20 anos e utiliza de sua expertise no assunto para trabalhar com todo tipo de prótese bucal.