A enxaqueca é uma doença crônica que acompanha o paciente ao longo da vida e exige atenção contínua. Como explica o neurologista
Dr. João Ricardo Leão, não existe cura definitiva — mas é possível conviver com qualidade e reduzir a frequência das crises quando se reconhece seus gatilhos e características.
Uma condição que flutuaSegundo o especialista, a enxaqueca costuma ter um forte componente genético. Muitas mulheres relatam histórico familiar: pais, irmãos e até tios ou primos também convivem com a doença.Os sintomas normalmente aparecem em forma
de crises de dor intensa, muitas vezes pulsátil, que podem durar de horas a dias e interferem diretamente nas atividades diárias.
Além disso, a enxaqueca tem um comportamento
flutuante: mesmo após períodos de estabilidade com tratamento, as dores podem retornar. Por isso, é essencial compreender o que desencadeia as crises para evitar grandes oscilações.
O que pode desencadear as crisesDr. João Ricardo destaca fatores muito comuns entre pacientes enxaquecosos:
Cheiros fortes— perfumes intensos, produtos de limpeza ou odores ambientais costumam ser gatilhos conhecidos.
Mudanças de rotina— dormir pouco, dormir demais, atrasar refeições ou alterar horários habituais afetam o sistema nervoso e favorecem a dor.
Alimentos específicos— comidas muito temperadas, industrializadas, com molhos fortes e grande quantidade de condimentos são desencadeadores frequentes.
Estresse emocional— tensão prolongada, ansiedade, sobrecarga física ou mental aumentam o risco de crise.
Luzes intensas ou intermitentes— ambientes muito iluminados, telas em excesso ou luzes piscantes podem iniciar um episódio.
Desidratação— ingerir pouca água ao longo do dia é um dos fatores mais subestimados, mas muito relevantes.
Alterações hormonais— especialmente em mulheres, variações naturais do ciclo podem intensificar dores.
Fatores climáticos— mudanças bruscas de temperatura, tempo abafado ou queda de pressão atmosférica também são relatados por muitos pacientes.
Como melhorar a qualidade de vidaEmbora a enxaqueca não tenha cura, manter
hábitos saudáveisfaz diferença significativa no controle das crises. Entre as recomendações do especialista:
Manter horários regulares de
sono, evitando tanto a privação quanto o excesso.Fazer
refeições equilibradase em horários consistentes.Hidratar-se ao longo do dia.Evitar exposição prolongada a telas e luzes intensas.Reduzir o estresse com práticas de relaxamento, atividade física leve e pausas na rotina.Identificar e evitar alimentos gatilhos.Procurar acompanhamento médico contínuo, ajustando o tratamento conforme necessário.
Cuidar é reconhecer limitesPara o Dr. João Ricardo, o maior passo para conviver bem com a enxaqueca é
conhecer o próprio corpo, entender seus sinais e adotar estratégias preventivas."A informação transforma a relação do paciente com a doença. Quando ele reconhece seus gatilhos e respeita seu ritmo, a vida volta a ganhar qualidade", reforça o neurologista.